quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Obesidade


É um tema na ordem do dia e ainda propósito da Conferência Internacional de Obesidade Infantil, que decorreu em Oeiras entre 6 e 9 de Julho, entenda-se que a obesidade é uma doença que afecta os indivíduos fisicamente, psicologicamente e socialmente. Na sua origem estão diversos factores, tais como comportamento alimentar inadequado, doenças endocrinológicas, perturbações psiquiátricas, questões genéticas, ausência ou diminuição da actividade física, bem como factores emocionais.

Sabe-se, ainda, que a incidência da obesidade na infância tem vindo a aumentar em todo o mundo, aliás, “a nível nacional, 32,2% das crianças têm peso a mais e 14,6% enquadram-se já num quadro clínico de obesidade” (i, 06/07/2011). De relevar que, ao contrário do que muitas famílias pensam, a criança obesa não terá nenhuma facilidade em perder a gordura mais tarde. É por volta dos dois anos e meio que se define o número de células gordas do indivíduo. Assim, uma criança com excesso de peso possui maior número de células gordas do que uma criança com peso normal. Possuindo maior número de células gordas, o indivíduo terá mais dificuldade em ser um adulto magro.

A obesidade não é considerada uma perturbação do foro psiquiátrico, uma vez que está muito relacionada com causas orgânicas (distinguindo-se assim do grupo das Perturbações do Comportamento Alimentar). No entanto, encontra-se profundamente relacionada com factores emocionais, especialmente de natureza psicossomática (o corpo como veículo da mente). Quer no caso das perturbações do comportamento alimentar, quer da obesidade, estamos perante manifestações clínicas onde convergem, como principais factores emocionais subjacentes, a perspectiva psicossomática, os comportamentos aditivos (dependências) e, ainda, a depressão e a ansiedade.

A obesidade pode, em muitos casos, ser pensada como um sintoma. Um sintoma que consiste numa comunicação simbólica que esconde (mas ironicamente também revela) aspectos inconscientes de um conflito interno. A comida representa na maioria dos casos um fenómeno compensatório, profundamente inconsciente, muitas vezes utilizado como um recurso de contenção de um sofrimento, de uma angústia, de um vazio.

É muito importante poder compreender e desmontar esta doença, inclusivamente porque não podemos ignorar a circularidade que a envolve: há uma causa (explícita ou não) na origem da obesidade que, por sua vez, provoca ainda mais sofrimento, que potencia a perpetuação da obesidade. É igualmente importante não esquecer que a prevenção tem um papel fundamental. Felizmente, vivemos num concelho que faz, naquilo que sabe e pode, o seu papel, criando estruturas e iniciativas que incentivam e promovem o exercício físico e um estilo de vida saudável.

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