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terça-feira, 3 de julho de 2012

domingo, 27 de março de 2011

Quem cuida de mim enquanto cuido de ti



Alguns contornos da situação de cancro mudaram consideravelmente nos últimos anos. Hoje, os internamentos são mais curtos e existem melhorias significativas na eficácia dos tratamentos. Deste modo, a mudança do internamento para o sistema de tratamento ambulatório veio realçar a importância dos cuidadores informais, sobretudo os familiares (por diferenciação com os cuidadores profissionais). No actual sistema de saúde em Portugal, assim como em muitos outros países, o objectivo é responsabilizar as famílias nos cuidados ao doente oncológico, apesar dos custos sociais e económicos associados à prestação de cuidados informais por familiares.
Sendo descrita como uma experiência stressante que pode influenciar a saúde física e mental do cuidador, este impacto global das exigências físicas e psicológicas (bem como sociais e financeiras) da prestação de cuidados obteve, há algum tempo, a designação de exaustão do cuidador (George & Gwyther, 1986).
No contexto da prestação de cuidados, tem sido bastante estudada a morbilidade psicológica. Ou seja, que alterações psicológicas são encontradas nos cuidadores? Essencialmente a depressão ou, mais especificamente, os sintomas depressivos tais como a tristeza ou a anedonia (incapacidade de sentir prazer). Os níveis de depressão tendem a ser maiores se o cuidador for mulher e esposa. Também variam em função do bem-estar psicológico do doente, sendo que doentes oncológicos mais deprimidos estão associados a cuidadores igualmente mais deprimidos. E a situação económica da família é ainda um factor preponderante.
Embora o bem-estar emocional associado à prestação de cuidados em oncologia dependa de uma combinação de variáveis, diversas investigações sustentam o papel do suporte social como tendo um efeito bastante positivo. Também a coesão e flexibilidade familiar estão associadas a menor exaustão nos cuidadores dos doentes oncológicos.
Constata-se a necessidade de uma avaliação por parte dos cuidadores formais (isto é, da equipa médica) no sentido de fomentar intervenções na área da educação para a saúde. Urge que as políticas de saúde sejam direccionadas para a prevenção da sobrecarga, para a promoção da saúde mental e para o reforço das capacidades dos cuidadores para lidar com o stress e todas as exigências associadas à prestação de cuidados. Porque, mais uma vez, o bem-estar emocional da família será sempre um natural impulsionador do sucesso de tantos casos clínicos.

Referências Úteis: O doente oncológico e a sua família (Maria da Graça Pereira e Cristiana Lopes, Climepsi Editores, 2006)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pedrinha


Brincar e cuidar são as actividades de topo da hierarquia comportamental espontânea e afectivo-relacional; (...)
O trabalho surge-nos como imperativo categórico – racional e ético – para sustentar o lúdico (...). Sem trabalho, não há fundos nem para o gozo nem para a assistência.
E o amor? Esse enlaça tudo: está no começo, no percurso e no destino. É o segredo: da alegria e da felicidade. Portanto, amar – não “amar loucamente”, como dizia Florbela Espanca – mas amar mais e melhor; e sempre.

António Coimbra de Matos (Comunicação de abertura do Seminário Amor em Tempos de Inverno, Outubro 2010)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Amor em Tempos de Inverno


'O amor nasce e desenvolve-se: entre ajustamentos, desajustamentos e reajustamentos. A relação amorosa não é linear, mas por ondas. Também tem marés. Na maré baixa – “tempos de Inverno”, na nossa metáfora –, pode ser a indiferença ou a ausência de desejo. Mas não só: a ternura é um poderoso ingrediente do amor, assim como a confiança e o cuidar (no sentido restrito e amplo de “tomar conta de”). É aí, em tempos mais difíceis, que o verdadeiro amor se revela e confirma. No Verão mostra-se, no Inverno demonstra-se.'

(António Coimbra de Matos, comunicação de abertura do Seminário Amor em Tempos de Inverno, Outubro 2010)