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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O Sabotador Interno

Dentro de nós pode habitar uma parte hostil e que rejeita, inconscientemente, qualquer tipo de experiência positiva, prazer ou gratificação. O 'sabotador interno' de Fairbairn (Ego Anti Libidinal) corresponde à parte do ego que se identificou a um objecto frustrante/rejeitante (ou às experiências precoces vividas como frustrantes e impeditivas).


terça-feira, 8 de abril de 2014

Nem tanto ao mar nem tanto à terra



Ainda hoje muitos estudiosos se questionam acerca da origem da agressividade: será inata (um instinto ou pulsão) ou adquirida (por frustração ou trauma)? Por outras palavras, será genética e constitucional ou será resultado de experiências muito precoces? O que é inquestionável é que a incidência da agressividade nos seres humanos varia amplamente de indivíduo para indivíduo.
Sabemos desde muito cedo demonstrar o nosso desagrado. Pedir e reclamar são acções que exigem um “mínimo” de agressividade. A criança pode demonstrar assim algumas reacções de raiva quando não obtém o que pretende (gritos, choro, agitação, morder) pois a raiva é o afecto básico subjacente à agressividade. Estas reacções directamente agressivas vão normalmente cessando à medida que a criança é capaz de se exprimir pela linguagem. Recorrendo às palavras, podemos expressar as emoções sem ter como único recurso a explosão corporal, na forma de gritos e agitação motora, sendo estes, recursos mais primários.
Contudo, algumas crianças continuam a manifestar-se mais explosivas, agredindo colegas, adultos, ou partindo coisas. São crianças ditas impulsivas que, face à mínima contrariedade, se enfurecem violentamente. Por vezes, esta atitude é selectiva, acontecendo apenas com uma determinada pessoa, geralmente com adultos incapazes de acolher, conter e dar significado à zanga, tudo isto, de forma madura e adequada. Não se responde a uma birra com outra birra. Por outro lado, este tipo de zanga que mora à flor da pele, geralmente remete para duas situações opostas: ou frustração a mais, ou frustração a menos. Ou seja, ou há muita falta de afecto e disponibilidade para a criança ou, por vezes, demasiada permissividade, reforçando a omnipotência típica das crianças pela incapacidade de se lhes colocar os "tão falados" limites (pouca assertividade e dificuldade em dizer não)  muitas vezes já por receio de uma reacção “complicada”. É importante a existência de uma figura de autoridade. Tradicionalmente, este papel é desempenhado pelo pai que, simbolicamente, representa a “lei” mas, muitas vezes, pode ser a mãe capaz de desempenhar igualmente bem a função. Ou seja, na estruturação psicológica das crianças, terá que haver pelo menos uma figura parental que introduza e represente as normas (com algum acordo da outra figura parental), bem como a gradual aceitação das frustrações e contrariedades inerentes ao viver. Percebe-se que este comportamento também se encontra com frequência em famílias onde o entendimento entre os pais (ou figuras cuidadoras) é frágil ou artificial.
Em escalada e não percebida, esta zanga permanente ou "também chamada" intolerância à frustração (seja por falta ou excesso dela) adquire, em algumas crianças, proporções inquietantes, culminando por vezes em comportamentos de risco na chegada à adolescência: destruição de objectos, ameaças permanentes, fugas de casa, etc.

É de realçar que do outro lado da moeda há a problemática da inibição grave da agressividade. Quando encontramos uma criança que evita por completo qualquer situação de carácter agressivo, não protestando e nunca se enfurecendo, é momento de questionar. Crianças vulgarmente submissas e aparentemente muito ajuizadas estarão provavelmente a reprimir as suas emoções mais agressivas, o que não é facilitador de um desenvolvimento saudável e equilibrado. Desde a leve inibição à total incapacidade em defender-se, o “lugar da vítima” começa a definir-se cedo, podendo evoluir para modalidades de funcionamento relacional em que aceitar tudo o que acontece sem nunca se zangar, reclamar ou reivindicar, se torna um padrão de relação com os outros, originando sofrimento psicológico.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Bicho Verde


Há três conceitos que por vezes se confundem: ciúme, cobiça e inveja. Mas ciúme, é não querer perder o que se tem, cobiça é querer o que o outro tem, e inveja é não querer que o outro tenha. Esta deriva do latim invidia, que quer dizer “olhar com malícia”, o que explica a crença popular do “mau-olhado”. Traduz-se como: “eu até posso nem ter nada desde que tu também não tenhas.” 
Dos três, talvez a inveja seja o mais difícil de admitir. É difícil de admitir porque remete para um desejo que não tem directamente relação comigo ou com algo eu gostaria de manter (ciúme) ou ganhar (cobiça), mas sim com aquilo que eu desejo que o outro perca. Talvez a inveja seja profundamente difícil de admitir porque a maioria tem alguma vergonha de reconhecer que retira prazer da desgraça alheia. Além disso, a cultura judaico-cristã penaliza severamente a inveja. Considera-a um pecado capital, embora seja talvez o único pecado que na realidade é totalmente inútil, ao contrário da gula ou da luxúria. Com a gula e com a luxúria eu tenho algum tipo de prazer. Com a inveja, pelo contrário, apesar de poder sentir um gozo imediato perante as perdas dos outros, na maioria das vezes, isto é, no dia-a-dia, sinto ódio das suas vitórias. Não só das conquistas alheias se tem inveja pois, por vezes, a simples paz de espírito ou serenidade de alguém pode ser motivo de inveja, mesmo que não possua nada mais que isso.
Porque se inveja, então? Há quem nem o saiba, porque a inveja pode estar mais ou menos consciente (creio que muitas pessoas escondem habilidosamente de si mesmas que invejam os outros), mas é alimentada por sentimentos de inferioridade e insegurança, sensação de abandono ou injustiça, sensação de incapacidade, vazio interior, frustração, como se fossem afluentes de um grande rio composto de egoísmo, raiva e ódio, em diferentes medidas. Por vezes, é tão dissimulada ou mesmo inconsciente que nem é expressada de forma directa ou evidente, contudo, sentimos um mal-estar em certa presença, um olhar estranho ou um tom de voz incoerente. Também aparece sob a forma de bisbilhotices, críticas (normalmente destrutivas) ou conselhos traiçoeiros. 
Quem inveja, sofre, mesmo que não o saiba ainda. É uma espécie de amargura invasiva, qual veneno que corre nas veias, e possui um carácter destrutivo, não para os outros mas principalmente para o próprio, que azeda, mirra e definha. Admitir a inveja será uma confissão de inferioridade pois o mecanismo responsável é a comparação sistemática entre a pessoa e os outros, comparação, essa, em que a pessoa se sente sempre em plano inferior. No fundo, quanto menos me basto a mim próprio, mais olho para os outros. Quanto menos satisfeito estou com a minha vida, mais observo a vida dos outros. Logo, quanto maior for o vazio, maior a inveja e por isso o melhor remédio contra ela é ter uma vida cheia de nós próprios, construir um destino que nos preencha e sermos plenos de amor-próprio, pois só quem se ama a si mesmo poderá amar o próximo.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Experiência


Student: "What do I do to become wise?"
Guru: "Make good choices"
Student: "How do I make good choices?"
Guru: "Experience"
Student: "How do I get experience?"

Guru: "Bad choices"

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Impulsividade



Como uma espécie de relâmpago emocional, todos possuímos e sentimos impulsos. O que varia é a luminosidade do relâmpago, isto é, o grau em que nos invade o pensamento, e o barulho do trovão subsequente, ou seja, a capacidade de conter/controlar esses impulsos.
Ser impulsivo é um funcionamento psicológico mais associado à infância ou à adolescência mas tornou-se uma característica relativamente aceite na idade adulta, muito em parte porque se encontra erradamente associada a uma personalidade forte. Assim, confunde-se frequentemente impulsividade com autenticidade ou mesmo com energia/entusiasmo quando podemos ser genuínos e activos sem sermos impulsivos (ou seja, emocionalmente reactivos). O comportamento impulsivo denuncia uma dificuldade em tolerar os conflitos internos, nomeadamente, afectos mais incómodos e desagradáveis como a ansiedade (ou medo), a frustração ou a raiva. Perante estas emoções, sem uma necessária “digestão” das mesmas (por falta de estrutura psicológica) ou das situações que as despoletam, agimos impulsivamente. Outras vezes, pouco tolerantes à dúvida ou à espera (de novo, nada mais que a ansiedade), agimos, seja por palavras não pensadas, seja num comportamento irreflectido.
Quando há uma maior possibilidade de introspecção, isto é, de pensar analiticamente sobre as coisas (as nossas, as dos outros ou as do mundo) torna-se possível funcionar mais ponderadamente. Pensar implica primeiro conter dentro de nós algumas emoções mais difíceis (durante maior ou menor quantidade de tempo) e depois analisá-las e resolve-las internamente sem descarregar imediatamente os impulsos no exterior (muitas vezes em cima dos outros).
Seres impulsivos por natureza, os animais, esses sim, regem-se por instintos vários, mas o Homem é um ser fundamentalmente reflexivo, o que pressupõe essa dita capacidade de pensar sobre as coisas. No entanto, nem sempre acontece e tudo o que é então demasiado difícil de ser guardado e pensado dentro de nós (conflitos, dilemas, receios) é agido. Olhando em redor, nesta época de brandos costumes, dominada pelos impulsos imediatos ou compulsões, segundo uma apologia consumista “daquilo que não pode ficar para depois”, as pessoas agem muito e pensam pouco. Não se pretende ignorar que alguns impulsos humanos conferem cor e sabor à história de alguém e à história da Humanidade mas a dificuldade que aqui se realça diz respeito ao funcionamento sistematicamente (estruturalmente) impulsivo, que nos leva frequentemente pelo caminho errado e, não raras vezes, longe de mais. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Certeza da Incerteza



Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?

Fernando Pessoa, Tabacaria

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Pedrinha (Das Crianças-Heróis)



Quanto heroísmo não é necessário para vencer e ultrapassar os monstros que povoam a imaginação infantil desde a mais precoce idade da razão! Quanto heroísmo para vencer as injustiças do meio familiar e social! Quanta coragem para que uma criança tenha de se insensibilizar a situações que ultrapassam o seu poder real! Quanta força interior é necessária para a criança se construir a si própria como pessoa, perante a indiferença e o abandono dos maiores!

João dos Santos

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Pai = Lei


“É no nome do pai que devemos reconhecer o suporte da função simbólica que, desde a aurora dos tempos históricos, identifica sua pessoa à figura da lei.”

Jacques Lacan in Discurso de Roma – Escritos

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A função paterna


 
No princípio são três, mãe, pai e filho. O acto de conceber um filho é da responsabilidade de dois indivíduos e parece que há uma boa razão para que assim seja, fundamentalmente na espécie humana, a mais complexa de todas. Embora hoje muitas crianças cresçam na realidade da monoparentalidade, a investigação psicológica tem demonstrado, de há algumas décadas para cá, a necessidade absoluta e presença insubstituível da figura paterna.

Como se sabe, o nosso equilíbrio emocional e bem-estar psicológico estão completamente relacionados com a qualidade da relação primária, nome atribuído à relação entre mãe e filho, que começa logo durante a gravidez. É esta ligação primordial que nos dá as ferramentas internas para descobrirmos quem somos e conduzirmos a nossa vida com entusiasmo, segurança e responsabilidade. É nessa relação que ganhamos (ou não) o embalo para acreditar, projectar e realizar, bem como para ultrapassar as dores e os dissabores que encontramos pelo caminho.

Contudo, o pai junta-se à díade mãe-filho com uma função igualmente importante para a estruturação psíquica da criança. De certa forma, inicialmente o pai representa a primeira “frustração” introduzida na vida de uma criança: o pai é aquele que “impede” que o filho tenha a mãe exclusivamente para si. Experiência dolorosa, esta, mas necessária para um desenvolvimento saudável. Embora sem essa intenção, um pai permite e prepara, assim, a separação e a autonomia da criança, evitando uma fusão (que não é suposta) entre mãe e filho. Tem uma função separadora mas, ao mesmo tempo, estruturante.

Não fica por aqui, a questão da função paterna. Tal como a mãe, o pai desempenha, também, um importante papel nas interacções com o filho, estimulando e atendendo às suas necessidades básicas (afecto, segurança, alimentação, higiene, brincar e aprender). Alternando com a mãe nestes cuidados, permite à criança conhecer, desde cedo, dois diferentes modelos de relação, um com o pai e outro com a mãe. E nós, espécie inteligente, rapidamente começamos a guardar connosco o melhor de cada um.

Depois, o pai enriquece a identidade de género dos seus filhos, apresentando-se como modelo de admiração ao seu filho-homem e narcisa a feminilidade da sua menina-mulher. Mais. Pai e mãe são o primeiro e mais importante modelo de uma relação amorosa. É através das discórdias entre pai e mãe (se acontecem com respeito e sem depreciação um do outro) que se enriquece a mente da criança, oferecendo-lhe múltiplas perspectivas da realidade. Se o casal lida bem com essas “discussões”, mostra à criança que com liberdade se pode amar alguém que pode ser e pensar de forma diferente de nós.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Contos de Gente

Era uma vez. E depois foram felizes para sempre. É o começo e o fim de quase todos os contos infantis que povoam o imaginário das crianças. É inquestionável a importância dos contos de fadas: ajudam-nos a imaginar, a sonhar e a desejar. Ensinam-nos sobre o amor e sobre a amizade. Sobre os afectos. Sobre os valores. Ensinam-nos sobre a coragem e sobre a derrota e a vitória. São fundamentais, os contos de fadas. Mas o final é sempre feliz e nunca nenhum conto nos conta o que acontece depois do “felizes para sempre”. E se quando somos pequenos, acreditar nos desfechos felizes é o que nos permite andar para a frente, crescer é deixar cair a ilusão de que o fim das histórias é incondicionalmente feliz. Sem mais sobressaltos. Sem mais tropeções. As histórias são felizes enquanto puderem ser. Ora são mais felizes, ora são menos felizes, ora tornam a ser mais felizes. Crescer é encarar uma realidade que não é eternamente nem estaticamente cor-de-rosa mas podendo aceitar que há muitos outros tons que pintam as histórias das nossas vidas. São tons vermelhos, azuis, verdes, amarelos. Também há os cinzentos e mesmo os pretos. É, a realidade não é um conto de fadas. Mas é uma pintura colorida ainda mais interessante e saborosa do que um conto de fadas. São contos de gente.




“Muitos adultos ficam chocados com a violência dos contos de fadas e se surpreendem com o facto de que não a percebiam quando eram crianças, comprazendo-se nela. É que a maioria das crianças, além de aceitar naturalmente o maravilhoso, espera com inabalável certeza aquilo que o conto promete e sempre cumpre: "e foram felizes para sempre". A gente se engana, portanto, quando tenta "açucarar" os contos ou omitir as passagens "violentas".”

Marilena Chauí

quinta-feira, 7 de junho de 2012

domingo, 15 de abril de 2012

Agridoce


Porque caminhamos em terreno agridoce e é nesse entrelaçado de doce e amargo que se inscreve a vida.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pedrinha (Da falibilidade humana)

Ter humor, saber gozar com as suas próprias falhas, inferioridades e insucessos – assim como com as de quem amamos – é aceitar a dimensão finita das nossas competências e a falibilidade dos nossos conhecimentos e acções. Só os doidos se julgam omnipotentes; e os estúpidos, infalíveis.

António Coimbra de Matos

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pedrinha (Das escolhas)


Todas as escolhas têm perda. Quem não estiver preparado para perder o irrelevante, não estará apto para conquistar o fundamental.

Augusto Cury