A curiosidade é um dos indicadores de saúde mental. Sinal de
mente em expansão, insaturada, que quer conhecer e perceber mais e melhor o
mundo em que se insere. O seu e o dos outros, ou seja, o nosso mundo interno
(os nossos desejos, sonhos e angústias) e o mundo interno
dos outros (na medida em que é possível conhecer aqueles que nos rodeiam). E
ainda conhecer o mundo propriamente dito, a chamada realidade e suas
manifestações: cultura, política, ciência ou geografia. Tanto há para conhecer que
é de estranhar quando não há o menor sinal de interesse em perceber um pouco
melhor este lugar (mente, corpo e planeta) onde moramos. Nas crianças, a
curiosidade é um acto espontâneo. Pelo menos, até ao dia em que seja castrado.
Pois nem sempre a curiosidade infantil é bem recebida e quando assim é, a mente
começa a definhar ainda antes de se poder expandir. Perguntar é sinal de
reflexão. Querer saber é indicador de entusiasmo. Estudar, experimentar e
pensar são os promotores da evolução. Se assim não fosse, se nos bastasse a
rotina mecânica de um quotidiano qualquer, ainda hoje viveríamos nas cavernas,
sem fogo, sem roda e sem nada do que hoje conhecemos.
Transformação é a palavra-chave. Na vida ou há desenvolvimento ou instala-se a decadência. O estacionamento é uma ilusão. Nas palavras de Cervantes, “A estrada é sempre melhor que a estalagem” (António Coimbra de Matos)
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segunda-feira, 25 de agosto de 2014
quarta-feira, 30 de julho de 2014
Higiene Mental Familiar
Num momento em que a prioridade é segurar o
mais possível a capacidade económica da estrutura familiar há frequentemente
uma diminuição acentuada da disponibilidade dos pais para os seus filhos, por
falta de tempo e/ou falta de paciência. Mas apesar das dificuldades serem reais, desde o início dos tempos que com menores ou maiores dificuldades sempre houve famílias mestras em pôr o afecto 'na mesa' em qualquer circunstância, pelo que a 'crise' nem sempre é desculpa. Assim, não custa lembrar que ser pai e ser mãe é profissão a
tempo inteiro e que cabe aos pais unir a família (o investimento é, primeiro, de pais para filhos), desenvolvendo os esforços
necessários para que os filhos usufruam a boa companhia dos pais e os pais da
companhia dos filhos.
Porque “perdemos” tanto tempo a falar e a pensar nas famílias
e nas crianças? Não é só porque as crianças de hoje são as mais protegidas de todos os tempos. É também porque hoje sabemos que pensar nas crianças é pensar na evolução da humanidade e
no que está para vir. Toda a saúde mental passa em primeiro lugar pela saúde
mental infantil. E no
que respeita às nossas crianças, esta higiene mental pratica-se em casa e na
escola. Sempre tendo em conta que, sem as condições emocionais minimamente satisfeitas (o que varia de caso para caso), não há possibilidade de uma boa integração e aprendizagem
na escola. Os preconceitos ditam, ainda, que muitos educadores (não todos!) pensem que as dificuldades
da criança na escola assentam em uma de duas hipóteses: incapacidade
intelectual ou preguiça do aluno. E num mundo cada vez mais competitivo é
tentador cair na ilusão de uma educação para o sucesso em detrimento de uma
educação para os afectos.
Que
se perceba que só uma árvore bem nutrida e enraizada em solo fértil dá os
melhores frutos. Uma alfabetização emocional antecede obrigatoriamente o
percurso académico. Para que as crianças integrem a leitura é necessário que
tenham tido a possibilidade de aprender a relacionar-se com o mundo, ligando
percepções, pensamentos e afectos, antes de aprender a ligar as letras. Ler à
nossa volta. Para aprenderem a fazer contas é preciso que possam “subtrair” e
“dividir” sem medo de ficarem sem nada ao sentirem que já têm pouco. Afecto,
atenção, disponibilidade.
Quando
os momentos em família se resumem a uma correria para o banho, trabalhos e
jantar, um dia após o outro, sobra pouco tempo para os laços familiares. O lazer em família deve ser
encarado com o mesmo respeito que qualquer outra tarefa do quotidiano. Porque
um passeio, um jogo de futebol, um desenho, andar de bicicleta ou um mero
ataque de cócegas de vez em quando dão força e entusiasmo às crianças para
crescer afectivamente mais estruturadas e esse é o único caminho para que mais
tarde possam enfrentar os obstáculos com a barriga cheia de amor, coragem e
confiança. As crianças precisam sentir que são importantes na vida dos seus
pais. O alimento para a alma é tão importante que todas as crianças prefeririam
passar mais tempo com os seus pais em detrimento de outros bens materiais. Uma
família unida por laços de afecto e pelo prazer em estar na companhia uns dos
outros será a força motriz para enfrentar tudo o que está para vir.
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sábado, 2 de fevereiro de 2013
Pedrinha (do Ler, Escrever e Contar)
A partir
das minhas investigações sobre o comportamento evolutivo dos bebés, concluí que
geneticamente convém chamar leitura ao que cada um observa à sua volta; escrita
ao que se regista espontaneamente sobre coisas diversas; contar ao que se vive
corporalmente como ordem e quantidade.
João dos Santos
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quinta-feira, 28 de julho de 2011
Lendo nas entrelinhas
A leitura é actualmente considerada uma ferramenta insubstituível e indispensável, que permite aos indivíduos aceder, vida fora, a uma grande quantidade de experiências e conhecimentos. É primordial no processo de aprendizagem e no sucesso escolar/profissional e, como tal, os estudos sobre esta competência têm surgido e proliferado significativamente nas últimas décadas, conduzindo inclusivamente a algumas medidas que revelam, pelo menos, alguma sensibilidade ao tema, como, por exemplo, a implementação do Plano Nacional de Leitura (PNL).
Tornou-se imperativo, ao longo dos tempos, compreender os modelos de aquisição de leitura e os processos segundo os quais tudo acontece, bem como analisar as metodologias de ensino à luz desse conhecimento, de modo a poder agir mais adequadamente. De uma maneira geral, os estudiosos realçam de forma unânime a existência de duas vertentes na leitura: a descodificação e a compreensão. O que caracteriza o processo de descodificação é o conhecer e distiguir visualmente e auditivamente as letras, relacioná-las com os sons que representam, juntar grafemas formando palavras e identificá-las e pronunciá-las como entidades globais. Em suma, a descodificação implica a transformação dos grafemas em fonemas, identificando e reconhecendo palavras utilizadas correntemente na comunicação entre indivíduos. Por sua vez, a leitura de compreensão é um processo posterior à descodificação e, ainda, bem diferente nas suas características e objectivos. O objectivo é permitir ao indivíduo ler palavras, frases e textos, para lhes extrair um significado, interpretando, apreciando e servindo-se da sua mensagem para adquirir e criar conhecimento. As palavras deixam de ser consideradas e interpretadas isoladamente, e passam a ser perspectivadas como partes integrantes da frase e do texto, onde têm a sua função e adquirem significado específico. Assim que dominamos as técnicas de descodificação, pômo-las, agora, ao serviço da compreensão da mensagem escrita, que depende, também, do nosso desenvolvimento linguístico e capacidades cognitivas.
As dificuldades na aquisição da leitura continuam a ser uma das principais causas das retenções no 1º Ciclo (e do encaminhamento dos alunos para Serviços de Psicologia e Orientação). Este insucesso influencia, por vezes de uma forma decisiva, a aprendizagem em inúmeras outras áreas disciplinares, para as quais o domínio desta competência é fundamental. Não raras vezes condiciona o percurso escolar do aluno e, consequentemente, desencadeia e alimenta um conjunto de efeitos negativos, como o desinvestimento face à aprendizagem, problemas comportamentais e afectivos. E assim sendo, é necessário que estas situações sejam sinalizadas e avaliadas de forma a desenvolver intervenções eficazes e contornar, de raiz, uma das principais causas do insucesso escolar.
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