terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Profissionalmente exaustos


O trabalho representa uma larga fatia das nossas vidas. São horas e horas, dias, meses e anos gastos a trabalhar. Imagine-se que, certo dia, acordamos e pensamos que aquele nosso trabalho se tornou um verdadeiro massacre. Pior, parece que, gradualmente, o desespero se torna maior. E, subitamente, já nada do que se faz parece bem feito. A paciência para determinadas situações ou indivíduos esgotou-se.
Este sentimento de fracasso e exaustão decorrente de um excessivo desgaste de energia, resultando numa forma de esgotamento, decepção e perda de interesse pelo trabalho, tem um nome. O burnout, também conhecido como síndrome de exaustão, é um fenómeno que atravessa várias classes profissionais. O termo, com maior projecção a partir da década de 70, tem origem numa expressão inglesa para designar “aquilo que deixa de funcionar por exaustão de energia”. Mais detalhadamente, a síndrome de burnout é um estado de exaustão física e emocional persistente, com origem no trabalho, caracterizado também por sentimentos de reduzida eficácia, diminuição da motivação e atitudes e comportamentos laborais disfuncionais (Schaufeli & Buunk, 2003).
Surge com maior incidência em profissionais das ciências humanas, médicas e sociais. Os estudos mostram que, no topo, se encontram os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais, entre outras semelhantes. Porquê nestas áreas em particular? Por serem profissões cujas rotinas implicam grandes cargas de stress decorrentes do contacto diário, intenso e contínuo com utilizadores de serviços, geralmente com uma ou mais formas de sofrimento. Os professores pertencem igualmente a uma classe profissional que implica elevadas cargas de stress e desgaste, tendo em conta a exigência de desenvolver trabalho no seio do croché de relações humanas que se desenvolvem numa sala de aula. Principalmente numa escola do novo milénio. Outras profissões aqui não contempladas também não estão livres e o tema ainda exige mais estudo.
Claro está que cada indivíduo tem a sua forma particular de sentir o stress. Uns mais resilientes que outros, desenvolvem estratégias fantásticas para não colapsar. Contudo, ninguém está livre de, num momento mais frágil, perder a força. Depende de cada um, da vida de cada um, do trabalho de cada um e das circunstâncias em causa. Parece uma desculpa preguiçosa da civilização moderna para não trabalhar, mas não é. O stress da vida actual não é semelhante ao stress de antigamente. Há quem trabalhe muito e em mais que um emprego, para sobreviver. Há quem já quase não tenha tempo para si mesmo. O mundo está a mudar. É necessário oferecer estruturas de apoio aos profissionais mais sujeitos, para que a qualidade dos serviços e também da vida de cada um se mantenha.

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