segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sensibilidade e bom senso


Educar é uma arte que exige bom senso e muito amor. Quando educamos uma criança, estamos não só a ensinar-lhe as regras básicas de funcionamento em sociedade, mas também a vincar-lhe o carácter e a moldar o seu desenvolvimento, cognitivo, social e afectivo. Na área da Psicologia da Família, fala-se comummente em estilos parentais educativos. Baumrind (1971) propôs uma categorização em três estilos que, embora seja uma generalização, abrange os padrões mais comuns de exercer a parentalidade: estilo autoritário, estilo permissivo (indulgente ou negligente) e estilo autoritativo.
O estilo autoritário implica um controlo rígido das atitudes da criança (associado ao uso de medidas punitivas verbais ou físicas), sem negociação, numa atmosfera de pouco envolvimento emocional. Exige-se obediência absoluta, no entanto, o apoio e suporte emocional fornecido é habitualmente fraco.
O estilo permissivo, na versão indulgente, caracteriza-se pela ausência de normas, apesar de o ambiente familiar ser geralmente muito rico em afectos. Os desejos dos filhos assumem um papel central na família. Há, portanto, um baixo nível de controlo e são feitas poucas exigências aos filhos, nomeadamente a nível da obediência, da responsabilidade e da maturidade. Na versão negligente verificamos a mesma ausência de limites e estruturação mas, neste caso, aliada a um desinteresse e demissão das funções parentais. São, no fundo, pais ausentes em todos os sentidos.
O estilo autoritativo (ou estilo participativo) é exercido com partes aproximadamente iguais de controlo e apoio familiar, impondo regras mas estimulando simultaneamente a independência dos filhos, através de um nível médio e adaptativo de exigências ao nível da responsabilidade e crescimento. Quando a circunstância o permite, há negociações e comunicação familiar, contudo, noutros contextos, verifica-se uma maior rigidez e assertividade, devendo assentar este equilíbrio na especificidade de cada criança no que respeita à sua idade, maturidade e motivações.
A investigação tem demonstrado que, de uma forma geral, o estilo parental autoritário conduz a um desenvolvimento com base na obediência e responsabilidade, produzindo, contudo, maiores níveis de ansiedade, insegurança e sentimentos de infelicidade, bem como uma baixa auto-estima e um índice elevado de depressão. Por outro lado, o estilo permissivo está habitualmente associado a problemas de comportamento, devido à falta de estruturação, sendo o impacto ainda maior nos casos de negligência, tendo em conta o défice nos afectos. Os estudos apontam, assim, para que seja o estilo autoritativo que conduz a um maior sucesso ao nível do desenvolvimento emocional, escolar e social.

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