quarta-feira, 9 de março de 2011

A falar é que a gente se entende



Na vida a dois, há indicadores da qualidade conjugal. São a comunicação, a história do casal, os projectos, a forma de resolução de problemas e conflitos, a percepção do casamento, a qualidade dos afectos (sexualidade e níveis de carinho), as expectativas, o controlo da relação (forma de distribuição do poder) e a fidelidade. Todos os indicadores se interligam, contudo, debruçar-nos-emos sobre dois deles, especialmente relacionados entre si, a comunicação e a gestão de conflitos.
Primeiramente, a comunicação nem sempre se processa da melhor forma pois, à partida, é encarada de forma diferente por homem e mulher. Para as mulheres, seres verbais, a comunicação sobre os problemas favorece a proximidade conjugal e crescimento da relação, enquanto que os homens, seres de acção, tendem a sentir-se ansiosos, considerando-a ameaçadora e indicativa de problemas. Contudo, independentemente disso, a comunicação é mesmo necessária em diversas ocasiões, sendo a sua ausência uma lacuna grave.
John Gottman, psicólogo e terapeuta matrimonial, escreve sobre o segredo dos casamentos bem sucedidos, ou como lhes chama, emocionalmente inteligentes. Segundo este autor, na área da comunicação há quatro erros básicos de conversação que impedem a adequada gestão dos conflitos matrimoniais (chama-lhes os Quatro Cavaleiros do Apocalipse). Primeiro erro, o recurso à crítica global. Para entender este erro, convém distinguir uma queixa de uma crítica. Uma queixa aborda uma falha particular ou comportamento específico do parceiro, não tendo o impacto negativo que tem uma crítica, que já implica um ataque ao carácter ou personalidade do parceiro [Ex: “Estou furioso/a por teres chegado atrasado” (queixa) vs. “És sempre a mesma coisa, nunca chegas a horas, estás-te nas tintas!” (crítica)]. Segundo erro, o menosprezo. A troça, o revirar de olhos, o insulto, o desdenho, a ironia, o sarcasmo, são formas de desprezo, venenosas para a relação, demonstrando enfado e conduzindo a mais conflito. Terceiro erro, a atitude defensiva. A defensiva é, disfarçadamente, uma maneira de culpar o parceiro (justificando, regateando, e dizendo-lhe implicitamente que o problema não é nosso). Produz também uma escalada no conflito. Como quarto e último erro, a fuga. Muitas vezes, em vez de enfrentar o parceiro, um dos elementos prefere simplesmente desligar, sinal que transmite que para além de estar a virar as costas ao conflito, está igualmente a virar as costas ao casamento. Felizmente, se o problema do casal reside apenas na comunicação (com os restantes indicadores de qualidade conjugal relativamente estáveis), torna-se mais fácil resolver o problema, recomeçando com uma melhor comunicação entre o casal. O conhecimento é a melhor arma para a resolução.

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