sábado, 3 de setembro de 2011

Era uma vez uma família


“Uma criança satisfeita brinca livremente na presença confiante dos pais, sem precisar de estar permanentemente colada a eles. Ou seja, a boa relação com os pais permite-lhe fazer descobertas por conta própria e estabelecer novas relações (diversificando a forma de se relacionar com vários objectos e ampliando o seu mundo de interesses). Ao mesmo tempo, por sua vez, também permite , com facilidade, que os pais se relacionem entre si e com outras pessoas, aceitando com agrado que os pais também tenham os seus próprios interesses. Assim, convivem uns com os outros, respeitando a condição de serem cada vez mais separados e diferenciados uns dos outros. Gostam de estar com os outros, mas não se perseguem – de vez em quando aparecem, para trocar uma graça, para revelarem o afecto que sentem ou quando alguma coisa os ameaça; para logo depois seguirem caminho, seguros uns dos outros (do amor que os une, da certeza que permanecem fora de perigo). E assim se funda a verdadeira intimidade, semente de novos amores; experiência adquirida nas boas relações de infância, ou mais tarde na relação terapêutica.”

Maria do Rosário Belo* in Lutos, perdas, desafios e conquistas, na vida e no processo analítico
*Psicanalista associada da Associação Portuguesa de Psicanálise e Psicoterapia Psicanalítica

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