segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cannabis e Cocaína


Em jeito de manual académico, sistematizemos algumas características das duas das substâncias mais consumidas em Portugal (segundo conclusões do Instituto da Droga e da Toxicodependência), a cannabis e a cocaína.

No que respeita à cannabis, como principais efeitos físicos associados ao consumo destaca-se o aumento da frequência cardíaca, congestão dos vasos conjuntivais (olhos vermelhos), dilatação dos brônquios, diminuição da pressão intra-ocular, foto-fobia e tosse. Como sintomas psíquicos verifica-se a euforia mas, além disso, relaxamento e sonolência. Os pensamentos fragmentam-se e podem surgir ideias paranóides. Há intensificação da consciência sensorial e maior sensibilidade aos estímulos externos. Há lentificação nas reacções e um défice na aptidão motora, bem como diminuição da memória imediata e da capacidade para a realização de tarefas que impliquem operações múltiplas. O seu potencial de dependência é diferente de outras drogas, contudo, provoca uma síndrome de abstinência leve (ansiedade, irritação, transpiração, tremores, dores musculares). O THC (componente activo) exacerba ainda a depressão e intensifica psicoses pré-existentes, estando também associado a problemas sociais e de relacionamento pessoal.

A cocaína, por sua vez, é uma substância associada à imagem de êxito social pois produz euforia, diminuição da fadiga e do sono, possível aumento do desejo sexual, redução do apetite, aumento da energia, maior auto-confiança (ou mesmo prepotência). Fisicamente, há tremores nas mãos, agitação, aumento da frequência cardíaca, aumento da tensão arterial, aumento da temperatura corporal e da sudação. À sensação de bem-estar inicial segue-se, geralmente, uma decaída caracterizada por cansaço, apatia, irritabilidade e comportamentos mais impulsivos. É a droga com maior potencial de dependência, provocando maior percentagem de adictos para um menor número de consumos. Chamam-lhe também a gulosa, pois devido à curta duração dos seus efeitos psicoactivos e ao rápido aparecimento de sintomas de abstinência, provoca um estilo de consumo compulsivo. É difícil falar em síndrome de abstinência com dores ou sintomas físicos (como na heroína), mas algumas alterações psicológicas são notáveis: hiper-sonolência, apatia, depressão, ideias suicidas, ansiedade, irritabilidade, intenso desejo de consumo. O mais grave no quadro de abstinência da cocaína é a enorme dificuldade em suportar a perda dessa euforia. É uma dependência psicológica que se reflecte numa ânsia compulsiva por sentir novamente o efeito (na língua inglesa encontramos a melhor expressão para este fenómeno, craving). Em qualquer um dos casos, na presença de situações de abuso destas substâncias (ou outras, note-se!), o mais importante será perceber o motivo que leva o indivíduo ao comportamento aditivo.

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