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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Bala de Canhão


Recordam-nos que quase tudo é possível — eles sabem melhor que nós que os monstros existem e ensinam-nos que é preciso acreditar em magia uma vez por outra. Reconduzem-nos o olhar para baixo — eles mostram-nos que quem ergue demasiado o queixo perde a noção do chão e tropeça mais. Relembram-nos que é preciso sonhar — eles levam-nos em altos vôos no Bala de Canhão mesmo que o nariz fique todo amassado das mil vezes em que se despenha a pique. Que todos possam ter sempre uma criança por perto para mantermos fresco o nosso pensamento e doce a nossa alma. Eu cá tenho muita sorte!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Brinca comigo


É transversal a todas as culturas, a imagem da criança que brinca. Brincar é muito mais do que uma mera distracção ou entretenimento. É a forma privilegiada de expressão emocional e, mais ainda, uma tarefa de desenvolvimento que permite o treino de competências de todas as ordens (fisicas, sociais, emocionais, cognitivas). Brincar é um trabalho fundamental para que se tenha mais sucesso na adaptação posterior à realidade. Freud foi pioneiro ao propor uma compreensão do brincar. Dizia então que o sonho era o caminho real para o inconsciente do adulto e que o brinquedo era o caminho real para o inconsciente da criança. Melanie Klein, a partir dos estudos de Freud, aprofundou o significado da actividade lúdica para a criança, elaborando um corpo de conhecimentos, teóricos e práticos, sobre o entendimento e o uso do brinquedo como recurso terapêutico e de desenvolvimento da criança. Piaget, já mais tarde, destacou três períodos na evolução do brincar, um primeiro período onde se brinca com o corpo (num exercício sensório-motor), um segundo período em que o brincar se torna simbólico (recorrendo a símbolos, uma criança desenvolve a capacidade de fantasiar e fazer-de-conta, tão fundamental) e, um terceiro período, dominado pelos jogos de regras, em que se brincam os limites e as obrigações comuns, criadas e cumpridas em grupo. Haverá momentos em que brincará a sós, num recolhimento essencial e em relação consigo, outros em que brincará acompanhada, em relação com os outros.
Brincar é uma experiência criativa. Brincando, a criança é soberana, colocando a realidade à disposição das suas fantasias. O brincar é lúdico e, ao mesmo tempo, uma coisa séria. É muito engraçado observar a concentração com que uma criança é capaz de brincar e quão importantes são todos os contornos das suas brincadeiras. Uma criança que não brinca está (ou foi), por algum motivo, impedida de um acto instintivo e primordial.
O desenvolvimento infantil espelha-se no brincar. A criança, quando brinca, coloca o seu mundo interno na brincadeira, brincando as suas aquisições, as suas ansiedades, brincando também as suas zangas e a sua agressividade. Repete e elabora experiências emocionais importantes através da brincadeira. O desenho, uma forma particular de brincar, é mais um espelho do mundo interno da criança. Enquanto pequenos, os pensamentos e as emoções são mais facilmente comunicados pelo traço do que pela palavra (porque a evolução corpo à mente leva o seu tempo).

Naturalmente, é, assim, o meio privilegiado de contactar com a criança e entrar no seu mundo privado. Observando o brincar, brincando com ela e dando um sentido à brincadeira. Como disse Winnicott (1971), “ é preciso não esquecer que brincar é uma terapia em si”.