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segunda-feira, 5 de junho de 2017

Forças Ocultas


Nem sempre o coração consegue comunicar ao pensamento o que lhe dói. Nem sempre o coração sabe ao certo o que lhe dói: só sabe que dói. Quando o inconsciente domina o nosso funcionamento e não conseguimos compreender porque sentimos o que sentimos e porque fazemos o que fazemos estamos perante um dos bloqueios que torna mais difícil o crescimento e a construção de um lugar de bem estar. É traduzindo as emoções por palavras que nos tornamos mais senhores de nós e menos submissos às forças mais ocultas que nos habitam. Se alguma coisa nos liberta do sofrimento é a capacidade de pensar e de dar sentido à dor.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Tudo aquilo que pedires


Tem estado na moda uma tendência ligeiramente omnipotente que diz que temos tudo aquilo que pedimos. Diz que de cada vez que nos erguemos, o Universo ergue-se connosco. Começou, talvez, com 'O Segredo' e proliferou como cogumelos. É uma abordagem da vida mais 'mágica', com forte ligação a correntes energéticas e espirituais. Se é exactamente assim ou não, não posso saber ao certo. O que eu sei e concordo é que somos, sim, imensamente maestros da nossa vida e que a sinfonia também vai, sim, correndo segundo indicação da nossa batuta. E as teorias dizem: Pede alegria, terás alegria. Pede sofrimento, terás sofrimento. Pois aqui entra a psicanálise: o problema disto tudo é que nem sempre temos consciência daquilo que andamos a pedir. Por exemplo, o conceito e fenómeno de 'compulsão à repetição' diz-nos que apresentamos uma tendência inconsciente para o regresso às situações traumáticas da nossa vida, como tentativa de as resolver internamente/emocionalmente. Como se quiséssemos corrigir uma experiência passada. Não damos por isso. São coisas que se passam aquém da nossa consciência. Não é algo que esteja sujeito a racionalização. Só quando, a dada altura, em vez de nos queixarmos do nosso eterno azar (também lhe chamamos karma), nos sai da boca ou do pensamento algo do género: 

— "Porque é que me rodeio sempre das pessoas erradas?" 


Ou então pensamos,


— "Se eu quero tanto ser independente porque é que continuo a depender dos outros?"


Ou ainda,



— " Se eu quero tanto ter uma relação sólida porque é que não consigo manter um relacionamento?"

Este é o primeiro passo em direcção à tomada de posse na nossa vida. Ou seja, enquanto não nos apercebermos que estamos presos a um padrão de funcionamento, queremos conscientemente ser felizes mas estamos inconscientemente a retornar ao lugar da dor. Enquanto maestros das nossas vidas, o nosso trabalho é questionar porque é que a orquestra está desafinada. Porque é que certas coisas nos acontecem. Com responsabilidade. Com coragem. É um dos trabalhos em psicoterapia e em psicanálise. Trazer à luz o que está no escuro. Somos, de facto, muito responsáveis. Muito mais responsáveis que o azar ou a sorte. Se calhar temos realmente o que pedimos. Então a questão que fica é: saberemos realmente o que andamos a pedir?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011