terça-feira, 4 de novembro de 2014

Das turbulências


Há dias que são como mares revoltos. Nesses dias, as emoções são fortes. Porque tal como a agitação marítima traz à superfície coisas que habitualmente estão no fundo do mar, a turbulência emocional invoca o que está no mais profundo de nós, misturando tudo à superfície. Se o mar está agitado, mais cedo ou mais tarde, enquanto combatemos as ondas e as correntes, vêm ao de cima os medos mais remotos, as feridas mais antigas e as memórias mais bem guardadas, fazendo-nos sentir ainda mais desamparados face às intempéries. O pânico pode tomar conta. Felizmente, temos também acesso aos nossos recursos e bóias de salvação que fomos armazenando durante o caminho. Afectos positivos, aprendizagens e competências de toda a espécie que mobilizamos para combater tudo o que de mau nos atormenta no meio da tempestade. Na certeza, sempre, que nenhuma tempestade dura para sempre e que a impermanência das coisas é, nestes momentos, uma característica muito útil da condição humana. Depois da tempestade vem a bonança. Isso sim, invariavelmente.

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