segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ver os filhos partir




Assiste-se, actualmente, a um adiamento da saída dos filhos da casa dos seus pais. O prolongamento dos estudos, o desemprego, a dificuldade em arranjar casa, a necessidade de maior maturidade para o casamento e para a paternidade, os problemas económicos, representam os factores responsáveis por esse adiamento. Esta é, por vezes, uma fase de difícil gestão, tendo em conta que os filhos já atingiram o estatuto de adultos mas, no entanto, têm que cumprir algumas regras familiares que os pais também têm de continuar a impor. Contudo, a família deve facilitar a saída dos filhos de casa antes da sua concretização.
Esta atitude começa por promover a individualidade e autonomia dos filhos num contexto de respeito mútuo. Há espaços da vida do jovem adulto que já não poderão ser invadidos e a convivência começa a assentar numa espécie de negociação de parte a parte. O facto de o jovem poder ainda estar economicamente dependente dos seus pais, não lhe retira o estatuto de adulto, pelo que este não se sentirá bem se continuar a ser tratado como uma criança, revelando ainda mais dificuldade em adaptar-se no dia em que finalmente sair de casa.
Após a saída efectiva de casa, nascem outras questões para gerir. Um novo equilíbrio é necessário, porque agora os pais devem estar atentos mas não vigilantes, disponíveis para ouvir a ajudar mas com a capacidade de tolerar que outras soluções possam ser preferidas e, capazes de aceitar que as relações familiares se expandam a novos elementos provenientes da inserção de novos parentes.
            Quanto aos filhos, agora indivíduos independentes, cabe-lhes a tarefa essencial de manter uma fronteira saudável entre si (ou a sua nova família marido/mulher) e a família de origem, não estabelecendo limites demasiados rígidos nem demasiado permissivos na convivência e influência da família.

Referência: Alarcão, M. (2006). (Des)equilíbrios Familiares. Editora Quarteto. 

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