sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A evolução da paternidade



Sabe-se e fala-se fundamentalmente do papel da mãe na vida das suas crianças. Então, e o pai? O pai, na verdade, foi durante muito, muito tempo, o “progenitor esquecido” (Ross, 1979). Fundamentalmente valorizado pelo papel de suporte económico e moral na família, vulgo “chefe de família”, foi colocado em plano secundário no que respeita a relações de proximidade com os seus filhos.
Contudo, tendo em conta toda a evolução sócio-cultural ao longo do século e, mais recentemente, as necessidades de repartir tarefas parentais devido ao elevado número de mulheres no mercado de trabalho, inúmeros estudos foram surgindo e hoje constata-se uma profunda viragem na concepção do papel de pai. Tal como acontece com a mãe, desde a gravidez se reconhece um vínculo especial entre o pai e o bebé. O bebé reconhece o seu pai desde a barriga da sua mãe e nenhum outro homem poderá substitui-lo nessa relação privilegiada. Descobriu-se ainda que os papéis parentais não estão relacionados com o sexo dos progenitores mas unicamente com o tradicional e instituído sistema cultural e familiar. As competências são iguais para ambos os progenitores.
Houve, felizmente, uma aproximação dos dois papéis parentais, pai e mãe. E ainda bem! Porque as crianças mais saudáveis, emocionalmente, são aquelas que têm uma relação próxima com ambos os progenitores. Nos primeiros banhos, nas brincadeiras e passeios, na partilha de hobbies e interesses, entre tantas outras actividades a desenvolver com um filho (variáveis ao longo do seu crescimento) o pai tem um lugar cativo e um papel activo, devendo, como tal, fazer uso e abuso dele. Também para a mãe é muito agradável partilhar o acompanhamento dos filhos com o seu marido, sentindo-se mais apoiada numa tarefa que raramente é fácil e tornando-se, consequentemente, a relação marido/mulher mais harmoniosa e rica. Na complementaridade está o ganho e a mãe não é mais especial que o pai, como se pensou durante tanto tempo. São relações distintas e ambas são indispensáveis ao desenvolvimento de uma criança feliz.

Referência: Leal, I. (2005). Psicologia da Gravidez e da Parentalidade. Editora Fim de Século.

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