quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Usos e abusos


Temos conhecimento através de inúmeras reportagens e, também por fácil observação directa que, actualmente, os jovens iniciam as suas experiências a diversos níveis cada vez mais cedo. No que toca às experiências de consumos, assume-se que é grave, pois a sede de conhecer e experimentar parece que cedo se transforma em fascínio. Estamos perante pré-adolescentes que, com total liberdade, acedem a estabelecimentos nocturnos onde constatamos os ditos consumos exacerbados de substâncias variadas pela noite fora. De facto, parece estar a aumentar um novo tipo de dependência, que poderíamos chamar “dependência de fim-de-semana”, caracterizada pela incapacidade de obter prazer e diversão nas saídas com os amigos sem ser através do abuso de substâncias e consequente alteração dos estados de consciência.
Porquê? Talvez se possa enquadrar esta questão na sociedade de consumo e de busca de prazer imediato, visto a maioria destas substâncias tornar a socialização mais fácil e assim ser mais rápido conhecer novas pessoas e criar novas relações. No entanto, embriagados por tanta coisa, as amizades esbatem-se por entre conhecimentos fugazes e superficiais, as experiências de carácter sexual adivinham-se precoces e tantas vezes sem significado, as relações amorosas nascem através de conhecimentos rápidos e tornam-se mais voláteis. Não se pensa muito e faz-se demasiado. A consciência está alterada, é compreensível..! É a força do agir acima de tudo o resto.
Os pais destes adolescentes, observam de longe, alguns tolerantes e compreensivos, desdramatizando. Outros, redondamente iludidos, pois durante a semana o seu filho comporta-se normalmente, estuda e até tira resultados bons ou razoáveis na escola, logo isso basta para acreditarem que quando está com os amigos seja um menino “às direitas”. Errado. Estes adolescentes estão a perder a capacidade de apreciar a vida de olhos límpidos. Sem álcool, sem haxixe e quiçá sem outras coisas, numa pequena minoria, não tem tanta piada estar com os amigos. Pior ainda, a falta de moderação. Caídos pelos cantos, tantas vezes. O seu corpo, ainda em crescimento, irá reflectir mais tarde estes excessos. Também o seu rendimento escolar poderá baixar, mais tarde, devido não só à deterioração das capacidades intelectuais mas também à desmotivação e apatia que gradualmente cresce nestes pequenos jovens que anseiam apenas por mais uma noite de excessos. Experimentar faz parte da vida e dificilmente poderemos contrariar a tendência das experiências cada vez mais precoces. Contudo, temos a obrigação de chamar estes meninos, que se acham grandes, à realidade, mostrando-lhes que a vida é bonita sem ser necessário consumir com tanta sofreguidão. Que a capacidade de não perder o prazer das pequenas coisas vale mais que tudo.

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