quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Tecnologicamente Acompanhados



Ao mesmo tempo que todos reconhecemos as maravilhas da evolução tecnológica, sabemos também que nem sempre estes recursos são utilizados da melhor forma. Assim, surgiu há pouco tempo o termo “nomofobia”, uma palavra que resulta da contracção da expressão inglesa “no mobile phobia”. Refere-se ao medo de ficar impossibilitado de aceder ao telemóvel. Também se aplica ao medo de ficar desconectado das redes sociais (pelo menos até alguém inventar um qualquer nome específico também para isso). Com a proliferação dos smartphones, podemos dizer que uma coisa e a outra (telemóvel e redes sociais) estão cada vez mais relacionadas. Dizem os dados de um estudo efectuado em Fevereiro, no Reino Unido, que 66% dos inquiridos diz-se "muito angustiado" com a ideia de perder o seu telemóvel. A proporção chega a 76% nos jovens entre os 18-24 anos, segundo um outro estudo. Cerca de 40% dos indivíduos consultados afirmaram possuir mais de um aparelho.
Posto isto, que ninguém se assuste ou despreze a tecnologia com receio de “apanhar” uma fobia, visto que elas não se pegam nem se reproduzem. Esta “nova fobia” é apenas um nome para mais uma manifestação de ansiedade, manifestações, estas, que se transformam em função dos tempos e das realidades. Sempre houve medo, ansiedade e pânico, o que muda é o meio que nos envolve a forma como, consequentemente, manifestamos essas emoções.
Este receio de ficar desligado da tecnologia permite uma análise mais adequada e profunda, já que ele representa, sobretudo, a incapacidade de estar só. Como se, ao “desligar” o telemóvel ou o computador, corressemos o risco de, também nós, nos desligarmos dos outros e, os outros, de nós. Certo é que só dependemos de estar insistentemente ligados aos outros se precisarmos deles para não nos sentirmos sós e/ou quando não confiamos o suficiente nas relações e nos afectos que nos rodeiam, exigindo um contacto sistemático que afaste os nossos medos.
Quando sozinhos consigo próprios, muitos se sentem invadidos por um vazio insuportável. Ou, ainda, invadidos por pensamentos que, pelo menos ao falar com alguém, se vão dissipando com mais facilidade. Uma companhia é, sem dúvida, um forte distractor. E, aqui, entra a tecnologia: o telemóvel e as redes sociais vieram facilitar, indubitavelmente, a comunicação entre as pessoas. Deixou de ser preciso esperar muito para falar com alguém, as pessoas vivem à distância de uma chamada ou de um click. Permanece a questão mais importante de todas: Estamos a usar estas facilidades de comunicação e ligação de forma saudável, ou antes como um remédio fácil que mascara a incapacidade de estar só por um segundo que seja? 

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