A
inteligência é um conceito vasto, que tem sido tradicionalmente associado a uma
medida, de seu nome, quociente de inteligência (Q.I.). Tornou-se moda medir e avaliar
o quociente de inteligência como se isso fosse um indicador seguro das nossas
competências e capacidades e de maior/menor sucesso pessoal e profissional. Contudo,
face a alguns dados importantes, a era do Q.I. está a chegar ao fim. Aproximamo-nos
gradualmente da ideia de que há uma forma de inteligência mais importante que
todas as outras, a chamada “inteligência emocional”.
Esta
constatação acerca da pertinência da inteligência emocional significa que nos interessa,
em primeiro lugar, que as pessoas tenham a capacidade de dominar uma série de
processos de ordem emocional para se desenvolverem adequadamente ao longo da
vida. E assim, perante a necessidade de dar um nome ao processo do bom
desenvolvimento psicológico, chamámos-lhe inteligência emocional. É um nome
como outro qualquer (e a palavra “inteligência” continua a “vender” muito bem)
mas o que interessa é que por inteligência emocional se entenda, acima de tudo,
a capacidade de ter uma relação saudável com as nossas emoções e, consequentemente,
com as emoções dos outros. Isto demonstra-se na relação comigo mesmo e com o
mundo, e revela-se também na habilidade de comunicar, de expressar as minhas
ideias e de receber adequadamente as ideias dos outros. Como não vivemos
sozinhos, a capacidade de termos boas relações com os outros é fundamental,
caso contrário, viveremos rodeados de problemas, obstáculos e conflitos.
Pela
possibilidade de recorrermos a capacidades fundamentais como a consciência,
reflexividade, autoconfiança, autonomia, entusiasmo, plasticidade e empatia
(capacidade de me colocar no lugar do outro), tornamo-nos mais competentes em
todas as áreas da nossa vida: pessoal, social, relacional e profissional. Sem
elas, facilmente deprimimos, desmotivamos ou incompatibilizamo-nos, e aí, nem o
Q.I. mais elevado do mundo nos trará felicidade/sucesso. Para triunfar, não basta
competência técnica.
Infelizmente,
o sistema escolar tradicional ainda não ensina nada sobre os afectos nem sobre
ética relacional, permanecendo demasiado preso à noção de inteligência na sua
perspectiva mais quantitativa. Contudo, as emoções treinam-se (ou
desenvolvem-se), preferencialmente, no seio de um bom ambiente familiar
(emocionalmente organizado e desenvolvido). Em acréscimo ou alternativa, podemos felizmente recorrer a uma psicoterapia, psicanálise e/ou a outras formas de reflexão, expressão
e análise. Para nosso bem e para bem dos outros.
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