quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Os outros em nós e nós nos outros






I carry your heart (I carry it in 
my heart)

Assim começa um dos poemas mais bonitos de E.E. Cummings (1952). E a seguir diz:


i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)

No fundo é tão simples quanto isto, não é? 
Quando o amor do outro mora dentro de nós, nunca estamos sós. Em psicanálise chamamos-lhes objectos internos. Mas o E.E. Cumming tem mais jeitinho. E é assim que aguentamos todas as ausências e separações e perdas. 

E depois eu acho ainda que este poema fala de outra coisa. Fala também daquilo que é o meu trabalho, fala de trazer comigo (e dentro de mim) tantos corações que se cruzam comigo. 

I carry your heart (I carry it in 
my heart)

De me lembrar das pessoas tantas e tantas vezes fora do setting. 

(anywhere
i go you go, my dear;

E ainda do quanto elas nos ajudam a ajudá-las. 

whatever is done
by only me is your doing, my darling)

Tantos corações que carrego comigo.
Tão bom!

Sem comentários:

Enviar um comentário