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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Psicodiversidade


"A psiquiatria biológica, de mãos dadas com a indústria farmacêutica, até descobriu uma fórmula para quebrar os afoitos: são as crianças hiperativas, os adolescentes borderline e os adultos bipolares. Eu suponho que fui isso tudo. Tive a sorte de não ir aos psiquiatras. E viva!, dizem muitos, a biotecnologia supressiva. Porque, no fundo, a psicodiversidade é um perigo para a ordem constituída. O problema está em que este jovem difícil encontre um outro objeto, um analista ou professor, que possa não responder como responderam os objetos do passado: os pais, a polícia, a sociedade, etc."

— Excerto do documentário "Percursos com António Coimbra de Matos" (Climepsi Editores)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O Sabotador Interno

Dentro de nós pode habitar uma parte hostil e que rejeita, inconscientemente, qualquer tipo de experiência positiva, prazer ou gratificação. O 'sabotador interno' de Fairbairn (Ego Anti Libidinal) corresponde à parte do ego que se identificou a um objecto frustrante/rejeitante (ou às experiências precoces vividas como frustrantes e impeditivas).


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Infinitudes


Não penses que te esqueço. Então ainda não sabes que trago comigo todos aqueles que amo? Não sabes que o coração é infinito e que há tantas formas de amor quantas pessoas há no mundo? É que eu acredito mesmo que o amor liga as almas mesmo quando os corpos não se encontram e os olhos não se cruzam. Não te queiras esquecer de mim. Esquecer é perder. Pelo contrário. Guarda. Guarda e lembra-te e será teu para sempre. Não sabes que quanto mais guardares mais pleno serás? Não sabes que corações cheios são corações vivos? Dizes-me que chegou ao fim e eu acho que começou. O amor não tem tempo e sem tempo não há princípio nem fim. Dizes-me que é difícil e dói. Sim. Mas não esqueças aquilo que dói. Dói porque é importante. Dói porque está vivo. Dói porque é amor. E pelo amor, tudo. Pelo amor, mais. Ele acrescenta-nos sempre.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Os outros em nós e nós nos outros






I carry your heart (I carry it in 
my heart)

Assim começa um dos poemas mais bonitos de E.E. Cummings (1952). E a seguir diz:


i am never without it (anywhere
i go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)

No fundo é tão simples quanto isto, não é? 
Quando o amor do outro mora dentro de nós, nunca estamos sós. Em psicanálise chamamos-lhes objectos internos. Mas o E.E. Cumming tem mais jeitinho. E é assim que aguentamos todas as ausências e separações e perdas. 

E depois eu acho ainda que este poema fala de outra coisa. Fala também daquilo que é o meu trabalho, fala de trazer comigo (e dentro de mim) tantos corações que se cruzam comigo. 

I carry your heart (I carry it in 
my heart)

De me lembrar das pessoas tantas e tantas vezes fora do setting. 

(anywhere
i go you go, my dear;

E ainda do quanto elas nos ajudam a ajudá-las. 

whatever is done
by only me is your doing, my darling)

Tantos corações que carrego comigo.
Tão bom!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Umbigos




          O narcísico, como o autista e o psicótico – não fossem todos eles egocêntricos –, julgando ver o mundo, não vê senão a sua barriga. Para ele, o centro do mundo é o próprio umbigo; pelos outros não se interessa minimamente, não o preocupam nem o ocupam, é como se não existissem – a não ser na medida em que lhe possam ser úteis  (o seu investimento objectal é apenas funcional ou instrumental – o outro é usado como um instrumento, para realizar uma função de que não dispõe ou é débil). Centra-se em si mesmo, gravita à volta da sua nulidade, pensando – talvez – que com isso pode acender o pavio da sua humanidade extinta. Sim, porque a humanidade gera-se no interesse pelos outros humanos; de contrário, não existe: apaga-se ou não chega a nascer. 
        Mas quem disse “nascer”   “existir”? Responde-se: nasce-se no “útero mental” do objecto, no pensamento e no afecto de quem nos deseja, ama e sonha, de quem gosta e aposta em nós; vive-se, existe-se, se esse investimento em nós persiste.
        A tragédia da desordem mental, seja ela a doença com sintomas ou a perturbação da personalidade com traços patológicos, é esta: a falta ou a perda desse “ninho da alma”, dessa “Terra Prometida”.

António Coimbra de Matos (in reflexão “Princípio e Continuação”)

sábado, 28 de julho de 2012