O coração é elástico, músculo que contrai e
expande, para nossa sorte. Foi feito assim para não se partir em mil bocados
com as lutas que se travam lá dentro. No ringue defrontam-se as partes de nós
que não se entendem. Varia a força do embate, do clássico braço de ferro ao
combate sujo e ensanguentado. Quanto ao resultado, há partes que ganham, há
partes que perdem, há empates técnicos, conforme os dias, as horas, os meses e
as estações do ano. Conforme a luz, a lua, os humores e os amores. Conforme
sabe-se-lá-o-quê porque isso afinal nem interessa e não há outro remédio senão
aguentar esses confrontos na arena do coração. Fazem parte. Onde não há
conflito, não há vida, nada se questiona, nada se transforma, nada se
acrescenta, nada se avança.
Transformação é a palavra-chave. Na vida ou há desenvolvimento ou instala-se a decadência. O estacionamento é uma ilusão. Nas palavras de Cervantes, “A estrada é sempre melhor que a estalagem” (António Coimbra de Matos)
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terça-feira, 3 de março de 2015
domingo, 23 de novembro de 2014
O conflito de gerações
Há
algum tempo a capa da revista Time apresentou-nos
a “Me Me Me Generation”,
categorizando a juventude actual como extremamente narcísica, individualista e
egocêntrica. Rapidamente se instalou a polémica perante essa capa que correu o
mundo. Em defesa dos jovens se diga que, por exemplo, é mais comum desenvolverem
comportamentos pró-ambientais do que um indivíduo de 50 ou 60 anos. Sendo o
planeta responsabilidade de todos, quem serão os mais individualistas? Há na
juventude, claramente, narcisismo e egocentrismo, o que é diferente de
individualismo. É que os dois primeiros estão intimamente ligados ao processo
de crescimento: narcisismo, porque a identidade própria está em construção e
necessita de ser reafirmada; egocentrismo, porque a imaturidade torna difícil
entender as coisas sob outros e diferentes pontos de vista que não o próprio. Mas
individualismo, atitude de não se preocupar com os outros, será uma acusação
injusta, pois se há coisa que caracteriza a adolescência é a sensibilidade social
e a busca de justiça. Vendo bem, quantos adultos não são igualmente narcísicos
e egocêntricos, tendo ficado suspensos no seu caminho de crescimento pessoal?
Acusações
mediáticas à parte há sempre tensão entre gerações. É com frequência que
opiniões públicas ou privadas a denegrir as gerações mais novas se fazem ouvir.
Porque se atacam tanto os jovens? Que os jovens possam criticar os “velhos” até
se entende, já que são eles os “miúdos”, inexperientes e justiceiros, para quem
é tão fácil apontar o dedo. Que os adultos respondam na mesma linguagem é que se
torna mais difícil de entender, pois deveriam ter algum entendimento sobre o
que ficou para trás. Será tão fácil esquecer o quanto as gerações sempre
chocaram entre si? Será tão difícil lembrar como os jovens de antigamente
também se diferenciaram dos seus pais? Tudo o que é diferente é estranho, mas
não necessariamente mau. O futuro o dirá.
Todas
as gerações são diferentes das gerações que as precederam. Se o mundo está em permanente
transformação como poderia ser de outra maneira? A verdade é que o ser humano
tem alguma dificuldade em responsabilizar-se pelo que acontece em seu redor mas
somos nós quem define a direcção em que se move o mundo. Para falar sobre
jovens, teremos de sempre de falar um pouco sobre quem foram os pais dos jovens
e de que cultura de valores foi criada para eles, seja em que época for. Se não
gostamos dos jovens que criámos teremos sempre de fazer um mea culpa sobre o mundo que construímos para eles.
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Individualismo,
Julgamento,
Juventude,
Maturidade,
Narcisismo,
Responsabilidade
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
O conflito de gerações
Há
algum tempo a capa da revista Time apresentou-nos
a “Me Me Me Generation”,
categorizando a juventude actual como extremamente narcísica, individualista e
egocêntrica. Rapidamente se instalou a polémica perante essa capa que correu o
mundo. Em defesa dos jovens se diga que, por exemplo, é mais comum desenvolverem
comportamentos pró-ambientais do que um indivíduo de 50 ou 60 anos. Sendo o
planeta responsabilidade de todos, quem serão os mais individualistas? Há na
juventude, claramente, narcisismo e egocentrismo ‒ o que é diferente de individualismo. É
que os dois primeiros estão intimamente ligados ao processo de crescimento: narcisismo,
porque a identidade própria está em construção e necessita de ser reafirmada; egocentrismo,
porque a imaturidade torna difícil entender as coisas sob outros e diferentes pontos
de vista que não o próprio. Mas individualismo, atitude de não se preocupar com
os outros, será uma acusação injusta, pois se há coisa que caracteriza a
adolescência é a sensibilidade social e a busca de justiça. Vendo bem, quantos
adultos não são igualmente narcísicos e egocêntricos, tendo ficado suspensos no
seu caminho de crescimento pessoal?
Acusações
mediáticas à parte, há sempre tensão entre gerações. É com frequência que
opiniões públicas ou privadas a denegrir as gerações mais novas se fazem ouvir.
Porque se atacam tanto os jovens? Que os jovens possam criticar os “velhos” até
se entende, já que são eles os “miúdos”, inexperientes e justiceiros, para quem
é tão fácil apontar o dedo. Que os adultos respondam na mesma linguagem é que se
torna mais difícil de entender, pois deveriam ter algum entendimento sobre o
que ficou para trás. Será tão fácil esquecer o quanto as gerações sempre
chocaram entre si? Será tão difícil lembrar como os jovens de antigamente
também se diferenciaram dos seus pais? Tudo o que é diferente é estranho, mas
não necessariamente mau. O futuro o dirá.
Todas
as gerações são diferentes das gerações que as precederam. Se o mundo está em permanente
transformação como poderia ser de outra maneira? A verdade é que o ser humano
tem alguma dificuldade em responsabilizar-se pelo que acontece em seu redor mas
somos nós quem define a direcção em que se move o mundo. Para falar sobre
jovens, teremos de sempre de falar um pouco sobre quem foram os pais dos jovens
e de que cultura de valores foi criada para eles, seja em que época for. Se não
gostamos dos jovens que criámos teremos sempre de fazer um mea culpa sobre o mundo que construímos para eles.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
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