Aprendi com tudo isso que aprende mais rápido quem sabe olhar
em diferentes direcções e adopta novos ângulos de visão; aprende mais rápido
quem escuta o outro, quem se dispõe a abandonar os seus desejos ou crenças para
criar espaço; aprende mais rápido quem é humilde e também quem aceita sem
oferecer excessiva resistência; aprende mais rápido quem não tem medo de dobrar
ou de cair e quem se ri de si mesmo quando tal acontece; aprende mais rápido
quem não se deixa apanhar pela vergonha de falhar, de fazer mal feito; aprende
mais rápido quem se expõe, porque se arrisca; aprende mais rápido quem se
desapega da prepotência de querer aquilo naquele momento e daquela maneira: às
vezes não dá. Aprende mais rápido quem tenta distinguir o possível do
impossível. Ou seja, aprende mais rápido quem respeita a realidade enquanto ser
gigante que não se verga e por isso aceita a impotência de viver nela e com
ela. Aprende mais rápido quem não perde mais que o tempo suficiente a
lamentar-se ou a enraivecer-se com isso. Aprende mais rápido que tem essa
capacidade de ajustamento e/ou adaptação. Porém, aprende mais rápido quem se
permite sair da harmonia da adaptação quando surgem perguntas e se impõe um
outro entendimento. De resto, e enquanto isto, aprende sempre mais rápido quem
intui que o tempo também tem o seu papel e escolhe avançar — à distância
entendem-se melhor as coisas.
Transformação é a palavra-chave. Na vida ou há desenvolvimento ou instala-se a decadência. O estacionamento é uma ilusão. Nas palavras de Cervantes, “A estrada é sempre melhor que a estalagem” (António Coimbra de Matos)
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domingo, 8 de novembro de 2015
Do que aprendi
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quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Da necessidade ao desejo
Há
coisas que precisamos e das quais dependemos (necessidades) e coisas que
queremos porque assim escolhemos (desejos). A necessidade diz respeito a algo muito
básico, mais primário na nossa condição humana. Fala-nos de algo que nem se
sabe bem porque acontece: só se sabe que se precisa e que é assim, queira-se ou
não se queira. Assim, quando a necessidade não é satisfeita, permanece, sob a
forma de uma falha básica dentro de nós. Já o desejo é de outra ordem. O desejo
é secundário, na medida em que chega depois. Pressupõe algo que não é absolutamente
fundamental mas que representa um valor acrescentado à nossa vida. É algo que
foi pensado, sonhado, de forma mais consciente, e que não nos é imposto de
dentro.
De
uma forma geral, o caminho do desenvolvimento humano faz-se evoluindo da
necessidade para o desejo. Enquanto bebés, temos muitas necessidades, mas não desejos,
no sentido referido de escolhas pensadas, conscientes. Chegamos a “seres desejantes”
à medida que crescemos e se existiu possibilidade de atender suficientemente às
necessidades. Caso contrário, ficamos bloqueados ou suspensos na carência
primária, que tornará a busca dessa satisfação uma prioridade para nós. O
caminho de amadurecimento do Eu não acontece se há privação nas necessidades
mais fundamentais.
Então a necessidade coloca-nos no campo das dependências, enquanto o desejo nos fala de
escolhas livres. Eu só desejo quando já não preciso, até lá, necessito e
dependo disso, tantas vezes, para minha sobrevivência. Há uma fome daquilo que
me falta que ainda me esmaga. E enquanto assim for, estou no campo da
necessidade, aquém do desejo. Se nunca recebi afecto, estou imerso na sua
carência e ele representa, naturalmente, uma busca incessante. Mas se recebi
afecto suficiente, consigo aguentar melhor a sua eventual ausência, passando de
uma questão de sobrevivência a um desejo que está por realizar.
Assim,
no amor romântico, a diferença entre "preciso de ti" e "quero-te"
é uma diferença que corresponde aos quilómetros de amadurecimento que vão da
necessidade ao desejo. É poético dizer a alguém "preciso de ti". A
mistura entre necessidade e desejo, característica na paixão, alimenta as artes
desde sempre, apresentando o amor romântico como uma coisa quase visceral. Mas o
amor homem-mulher, amor erótico de seu nome, corresponde, em maior escala, a um
desejo e não a uma necessidade. Eu estou contigo não porque preciso de ti mas
sim porque te quero. Porque te escolhi. Não morro se fores embora mas sou muito
mais feliz contigo.
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segunda-feira, 13 de abril de 2015
Matemática dos Beijos
— Um, dois, três, duzentos e cinquenta e
sete, cinco mil setecentos e quarenta e nove: quantos beijos cabem na vida?
— Talvez quarenta milhões? (sorriso) Não
sei. Curtos ou longos? Tudo depende da duração. Num dia cabem mil quatrocentos
e quarenta beijos de um minuto ou um beijo de mil quatrocentos e quarenta
minutos. Tu é que escolhes.
— Tens razão. Isso da duração importa.
Fizeste-me lembrar também daqueles beijos que ficam connosco já depois de se
irem, sabes? E às vezes até se cruzam com outros que hão-de vir: "Olá,
ainda por aqui?".
— É, há beijos que se demoram e acho até
que alguns nunca acabam. Mas a memória de um beijo vale por um beijo, não?
— Olha que não sei. Cada beijo lembrado
pode contar como um novo beijo. Podemos escolher também aqui.
— Hum. E incluindo beijos de que tipo?
— De todos. Dos beijos dados, dos beijos
roubados, dos beijos perdidos e dos achados. Dos beijos que procuram e dos
beijos que encontram. Dos que fracturam e dos que reparam. Dos que rompem e dos
que ligam. Dos beijos que acordam, dos que adormecem. Dos que se encontram à
esquina e dos que chocam de frente. Dos de passarinho e dos de corpo inteiro.
Dos enternecidos e dos apaixonados. Dos que nos esclarecem e dos que nos
confundem. Dos que quase enlouquecem, no bom sentido. Beijo é sempre no bom
sentido. Dos beijos que acalmam e dos que assustam. Dos que respiram e dos que
sufocam. Dos beijos que nos dissolvem, sabes? Dos beijos-buracos-negros que
acabam com a gravidade e nos sugam em espiral para lá do tempo e do espaço. Dos
beijos que desaparecem. E dos que nos perseguem. Perseguem. Perseguem.
Perseguem.
— Mas queres fazer contas ou escrever um
poema?
— Pois se calhar a matemática não se
aplica a isto. Teríamos ainda a questão dos beijos sonhados.
— Também querias ir por aí?!
— Claro. Quero ir por todos os lados.
— (sorriso)
— ah! E o beijo dos beijos. Teríamos que
contar com o beijo dos beijos.
— Qual?
— Tu sabes. É aquele que não se pode
lembrar...
— O que há-de vir?
— Pois. Também não custaria nada. É só
somar um no fim.
— (sorriso) Qual fim? Contigo será
impossível contabilizar beijos.
— Se calhar. Que se lixem as contas. O
que importa é que é sempre a somar. E para que não haja desperdícios lembra-te
disto que é importante: um beijo que não se dá é um beijo que não se deu.
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
quinta-feira, 14 de março de 2013
sábado, 25 de agosto de 2012
Pedrinha (Dos desejos intermináveis)
''Somos
seres desejantes destinados à incompletude e é isso que nos faz caminhar''
Jacques Lacan
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