"Estamos protegidos, já é Primavera" (Matilde Campilho)
Transformação é a palavra-chave. Na vida ou há desenvolvimento ou instala-se a decadência. O estacionamento é uma ilusão. Nas palavras de Cervantes, “A estrada é sempre melhor que a estalagem” (António Coimbra de Matos)
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segunda-feira, 21 de março de 2016
terça-feira, 24 de novembro de 2015
O Homem na Arena
![]() |
Arena de Pula, Croácia |
"Não é o crítico que importa; nem
aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como poderia ter feito
melhor. O crédito pertence ao homem que está na arena, cujo rosto está manchado
de pó e suor e sangue; que luta com bravura; que erra, que desaponta uma e
outra vez, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se
empenha nos seus feitos; que conhece grandes entusiasmos, as maiores paixões; que
se entrega a uma causa digna; que, no melhor dos casos, conhece por fim o
triunfo da grande conquista e, no pior, se fracassar, fracassa ousando
grandemente (...)"
— Theodore Roosevelt
sábado, 13 de junho de 2015
A pergunta do eterno retorno
Se pudéssemos repetir a nossa vida tal e qual como ela se desenrolou até hoje, desejaríamos fazê-lo? O sábio Zaratustra, de Nietzsche, vai mais além, e pergunta: “E se um dia ou uma noite um demónio fosse atrás de ti até à tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há-de retornar.” Que sentiríamos?
A ideia de repetir ciclicamente a mesma vida,
passando por tudo da mesma exacta maneira, pode funcionar como um exercício
importante para questionarmos a direcção e o sentido que temos dado à nossa aparentemente curta existência. Embora uma existência em loop seja, por si só, assustadora, a melhor hipótese seria fazer dela o mais agradável possível. Então, se fosse
garantido o nosso eterno regresso, exactamente nos mesmos moldes que na actualidade,
até onde estaríamos dispostos a mudar coisas por forma a assegurarmo-nos de uma
eternidade feliz? É importante ir questionando se o nosso percurso tem sido
fundamentalmente prazeroso ou se é, pelo contrário, insatisfatório, ou mesmo
terrível. Quantos de nós amam a sua vida? Ao fazer este balanço, o
propósito não é mergulharmos em lamentações quanto ao que já passou mas sim
dirigir o olhar para o que ainda pode vir. Amar o seu destino ou, mais
adequadamente, criar um destino que sejamos capazes de amar.
Porém, nenhuma transformação positiva pode ter lugar se vivermos exclusivamente agarrados à ideia de que a
nossa vida é como é por forças exteriores a nós: azar, má sorte, karma, sina, fado ou destino. A pergunta de Zaratustra obriga-nos a olhar a forma como pensamos as responsabilidades. Percebemos que o perigo de depositar a
responsabilidade da nossa caminhada (e/ou da nossa insatisfação) no universo ou em qualquer outro exterior a nós mesmos, é que a situação poderá não
sair do impasse. Então, se o demónio de Zaratustra nos condenasse, hoje, ao eterno retorno, continuaríamos no mesmo exacto lugar, estado e formato em que nos encontramos? Sentiríamos contentamento e satisfação em regressar à nossa existência assim como a temos conduzido? Ou seria um sufoco? E se assim for, seríamos passivos ou activos? Quanto tempo mais permaneceríamos no mesmo lugar? Até quando ficaríamos à espera? Até onde aguentaríamos? E se, efectivamente, nada acontecer? Nenhum milagre, nenhuma reviravolta fácil, nenhum chamamento ou insight? E se só nós somos responsáveis pela vida que levamos e pelos
pilares que a sustentam? Transformaríamos a nossa vida, perseguindo sonhos, concretizando projectos, assumindo desejos? A liberdade de escolher fazê-lo é
nossa. E a responsabilidade de escolher não o fazer, também.
É desconfortável pensar estas questões. É duro sentir este peso da hipótese mais certa: em última análise, os agentes da nossa felicidade e infelicidade somos nós. Que terrível sermos o nosso próprio carrasco. Sim, é desconfortável, mas é, garantidamente, o caminho possível nisto que é o curso da nossa vida. Sem essa consciência, mínima, talvez passemos o tempo que nos sobra à espera de algum milagre. Pode chegar. Ou não. Entretanto, é importante irmos aferindo o que se passa cá dentro. É preciso ouvirmo-nos a nós mesmos, escutar
a voz que às vezes soa baixinho e que tantas vezes ignoramos (escondidos na ideia de
que não há volta a dar ou no medo de tudo e mais alguma coisa) para que, caso o dito demónio nos obrigue a regressar, a coisa seja o mais simpática possível. E mesmo que não regressemos, mesmo que seja "só" isto, não será igualmente crucial aproveitar o melhor possível?
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quinta-feira, 30 de abril de 2015
Pessoas
Toda a prática
de yoga remete para o equilíbrio, i.e., para a harmonização de forças opostas.
E assim sendo, oscila entre movimentos de avanço e retrocesso, actos de coragem
e rendição, momentos de segurar e largar, trabalho de transição e permanência, consciência
de força e ligeireza, sensações de prazer e dor. Nessa oscilação no tapete, perfeita
metáfora da vida, buscamos o centro de todas as coisas. Principalmente o nosso — corpo e mente.
Esse lugar de conforto onde nos encontramos connosco. Onde respiramos sem
dificuldade e onde nada dói. Onde sentimos paz. Só que não podemos ficar muito
tempo aí porque a oscilação é o estado natural do mundo e porque o crescimento
e expansão se faz pelo desconforto, pelo risco, pelo negativo. E saímos do
centro. Essa dinâmica é a condição mais básica do desenvolvimento: onde há
paragem, não há vida. Nesse processo, há momentos de força extraordinária. Saímos
do centro, atiramo-nos de cabeça e somos capazes de fazer qualquer coisa. Na
força descobrimo-nos, ultrapassamo-nos. Encontramos mundos e talentos
desconhecidos, potencialidades e possibilidades. E de cada vez que assim é, mudamos
o nosso rumo, transformamo-nos a cada novo encontro. Depois, há os desafios que
não superamos. Repetimos, ruminamos, ficamos ali. E aí, o contrabalanço dos momentos
de humildade e vulnerabilidade profunda que remetem para a nossa absoluta
impotência perante os caminhos de evolução das coisas. E aí, rendemo-nos. Rendemo-nos
perante os paradoxos. Perante a constatação de que somos tudo e ao mesmo tempo
não somos nada. Estendemos os braços e encostamos a testa ao chão e que seja o
que for quando tiver que ser. Quem somos nós afinal? E na rendição também nos
descobrimos e ultrapassamos. Quando nos rendemos, todo o peso desaparece e é
sublime porque somos, subitamente, leves, muito leves. Assim leves, um pequeno
sopro pode levar-nos para onde calhar e poderemos descobrir coisas que ainda
não conhecíamos nem esperávamos. Quando nos rendemos, entregamo-nos nos braços
de algo seguramente maior que nós, que somos tão pequenos para compreender toda
a dimensão da vida. E aqui vamos existindo, oscilando entre rendições e
actos de coragem, porque a leveza do ser é insustentável por muito tempo mas a
coragem sistemática é para guerreiros sobre-humanos. E nós somos e seremos,
sempre, simplesmente pessoas.
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segunda-feira, 6 de abril de 2015
Morrer de Amor
"Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo..."
— Mário Quintana, Conversa Fiada in Baú de Espantos (1986)
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sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Histórias de Desespero e de Esperança
Podíamos
contar uma história, que pode ser a história de qualquer um de nós. Por norma, estas
histórias começam com esperança, nem que seja por dois minutos. Depois, mais
cedo ou mais tarde, acabaremos por conhecer o desânimo. Perante um desânimo de
cadência continuada, irrompe então o desespero. E é aí, no lugar do desespero, que
a história sempre se divide em dois finais diferentes: ou retomamos o caminho
da esperança, ou perdemos a fé nas coisas boas e entregamo-nos a uma qualquer
forma de desistência.
Assim,
o desespero e a esperança são dois sentimentos antagónicos no que toca à
reacção às contrariedades, sempre em função daquilo que esperamos da vida. Esperança
é fé e entusiasmo. Se na nossa história encontramos sempre algo em que
acreditar, que nos segure e nos empurre em frente, é porque somos
fundamentalmente movidos a esperança. E isso é bom. Desespero é a sensação de exaustão.
É o fim de um caminho. Irrompe nos momentos em que não se espera absolutamente
mais nada de uma situação. É, no entanto, por isto que muitos pensadores
defendem que a esperança vem depois do desespero. A exaustão pode proporcionar
rupturas importantes na nossa vida. Nem todas as crises são más.
E
a verdade é que, não raras vezes, oscilamos entre ambos, conforme os tempos e as
circunstâncias. Os momentos de desespero fazem, sim, parte da vida, contudo, é
na capacidade de reencontrar o caminho da esperança que mora a saúde mental. Afastamo-nos
da saúde mental quando deparamos com desesperos tão desesperados que se torna
impossível recorrer ao pensamento e retomar o caminho do desenvolvimento. Não é
invulgar, pois o desespero é, de certa forma, uma emoção-limite, algo da ordem
do insuportável. E é muito doloroso passar por estes estados emocionais. Seria
possível viver uma vida inteira deprimido, mas não seria possível viver a vida
inteira em desespero, seria um desgaste que o corpo e a mente não aguentariam. Assim,
o desespero surge em picos e vai alternando com alguma serenidade que, por
norma, conseguimos sempre reencontrar. Com maior ou menor eficácia, a maioria
de nós consegue embalar-se nos momentos mais difíceis e reencontrar uma forma
de tornar a acreditar. Na mais pequena coisa que seja. A maioria de nós
reencontra sempre a esperança dentro de si. Até porque o fim de um caminho
permite sempre a descoberta de outro. E é nessa capacidade de reencontrar novos
trilhos que reside a esperança. Sabemos que depois de cada tempestade vem
sempre a bonança, como diz o povo.
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quarta-feira, 25 de junho de 2014
Com Cinco Sentidos
![]() |
ilustração de Justine Brax |
Foram-nos
dados cinco sentidos. Cinco instrumentos maravilhosos sem os quais seria muito
mais difícil relacionarmo-nos com o mundo. São, todos eles, ferramentas
relacionais e, sendo nós “animais relacionais”, quanto melhor usamos essas
ferramentas, mais integrados nos sentiremos. A pergunta que se coloca é: desses
cinco sentidos, com quantos verdadeiramente vivemos a nossa vida?
Olhamos,
mas olhar é diferente de ver. Ver é olhar com interesse e com presença. Estando
verdadeiramente ali. Observar os detalhes do mundo é uma forma de viver o
momento presente, retirando o foco da nossa atenção do passado e do futuro. Ver
o céu, o mar, as árvores. Ver as pessoas.
Precisamos
de escutar, que é diferente de ouvir. Escutar é ouvir com atenção, com
disponibilidade e com abertura de espírito. Parar de priorizar todas as
emoções, pensamentos, crenças e/ou preconceitos com que recebemos, a priori, tudo o que ouvimos. Tudo isso
que carregamos connosco satura-nos o espaço mental de tal forma que não somos
capazes de escutar mais nada. Para escutar é preciso ter espaço dentro de nós
para acolher aquilo que estamos a ouvir. Seja música, seja a palavra do outro
ou as nossas próprias palavras.
Precisamos
de usar bem o nosso tacto. Usá-lo para sentir, que é diferente de tocar. Somos
seres de pele, o órgão mais sensível que temos. Tocar as plantas, os animais, receber
essa energia que arrepia, sentir o frio e o calor, o suave e o áspero, que nos
produzem emoções distintas (ora agradáveis ora desagradáveis) mas que por isso
mesmo nos fazem sentir vivos. Sentir o outro. Abraçar.
Precisamos
de cheirar. O cheiro é armazenador e despoletador de memórias e, por isso, tão
relacional como todos os outros sentidos. Cheirar a terra molhada, a relva
cortada, as flores, o mar, o fumo dos carros ou das chaminés, o cabelo dos
nossos amores e as sardinhas assadas.
Também
precisamos de saborear, que é diferente de comer. Saborear é desfrutar, com
prazer. Sem pressa nem avidez. Com tranquilidade e presença. Saborear o
alimento ou saborear um beijo (que também alimenta).
E
eventualmente, se quisermos falar de um sexto sentido, talvez pensar que só se
possa desenvolver se usarmos em pleno os outros cinco. Se vivermos com
presença, com atenção e disponibilidade para o mundo – sabendo ver, escutar, sentir, cheirar e
saborear os momentos e as pessoas. Só assim podemos eventualmente aceder a
algum tipo de insight a que podemos,
então, chamar de intuição.
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terça-feira, 17 de junho de 2014
sábado, 29 de março de 2014
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Perguntas Difíceis
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domingo, 23 de fevereiro de 2014
Experiência
Student: "What do I do to become
wise?"
Guru: "Make good choices"
Student: "How do I make good choices?"
Guru: "Experience"
Student: "How do I get experience?"
Guru: "Bad choices"
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quinta-feira, 12 de julho de 2012
O sentido da vida
Não
gostamos de falar sobre a morte. Nem sequer de pensar sobre a morte. Também não
parece muito confortável ler sobre a morte. Se calhar, depois de a palavra
morte surgir tantas vezes, sem eufemismos, muitos interromperão, já aqui, a sua
leitura. Quem ama a vida, sofre quando pensa na morte. E teme-a, dada a sua
inevitabilidade.
Ganhamos,
desde cedo, consciência do fim da vida. Essa consciência conduz-nos a um tipo
de angústia muito particular, a angústia
existencial, que embora surja logo na infância, se torna mais pensada
(logo, mais sentida) a partir da adolescência. À volta desta angústia nascem
questões que, com maior ou menor frequência, todos já colocámos: O que há
depois da morte? Qual o sentido da vida? Existe Deus? Será, a alma, imortal?
Como
lidamos nós com a certeza da nossa finitude?
Para
quem, através da fé religiosa, encontra as suas respostas para estas perguntas,
torna-se mais fácil viver sem grandes problemas existenciais. É uma forma de
dar um sentido à nossa existência e que nos garante o reencontro das almas
mesmo depois do adeus.
Para
quem estas perguntas ficam sem resposta, para os que não encontram aqui a
serenidade necessária, são adoptadas outras maneiras de seguir em frente
(sabendo que seguir em frente significa seguir em direcção à morte). Perante a angústia
existencial, encontramos um mecanismo de defesa psicológico chamado evitamento, que nos ajuda a “esconder”
de nós próprios os nossos maiores receios (e outras emoções). É útil, caso
contrário, estaríamos todos mais ocupados a questionar a fragilidade da vida do
que a vivê-la. Na sua vertente mais patológica, o mecanismo do evitamento pode assumir
a forma de delírio. Aí, quando a dificuldade
de pensar a morte se mascara de indiferença ou até de omnipotência, tendemos a “desafiá-la”
inconscientemente e, à custa disso, podemos encontrá-la mais cedo.
O
mecanismo de evitamento mais saudável é de outra qualidade, é a resignação/aceitação. A maioria de nós
apaga a consciência da morte enquanto se entretém com as tarefas da vida.
Percebemos que a melhor forma de não temer a morte é dar sentido à vida. É
aproveitá-la. É amar e ser amado, crescer, criar vínculos e/ou descendência,
produzir obra e deixar um legado. Temos a liberdade de escolher que sentido dar
à nossa vida, contudo, de tudo o que podemos escolher, que seja uma escolha de
amor. É pelo amor que melhor se ultrapassa a angústia existencial. Pelo
estabelecimento de relações significativas e criativas. O amor por nós e pelo
outro é o espelho do amor pela vida (que é, no fim de contas, feita da soma de
nós e dos outros).
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domingo, 15 de abril de 2012
Agridoce
Porque caminhamos em terreno agridoce e é nesse entrelaçado de doce e amargo que se inscreve a vida.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Pedrinha (Do que mais se quer)
“And did you get what you wanted from this life, even so?
I did.
And what did you want?
To call myself beloved, to feel myself beloved on the Earth.”
Raymond Carver (Collected Poems)
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quinta-feira, 15 de março de 2012
quarta-feira, 14 de março de 2012
Pedrinha (Da Novidade, Diferença ou Mudança)
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa. Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa. Tome outros ônibus. Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos. Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros. Viva outros romances. Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo. Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua. Corrija a postura. Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias. Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor. A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações. Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria. Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias. Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Mude. Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda! Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários. Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes. Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias. Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores. Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus. Mude. Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez. Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa. O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda! Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!
Edson Marques (E um pedido de desculpa por a autoria do poema ter sido atribuida a Clarice Lispector)
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
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