segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sobre a infertilidade


Não há espaço para ter filhos cedo. A vida profissional custa a engrenar e a simultânea imaturidade emocional dos jovens adultos tem vindo a adiar a idade do casamento e os planos de constituir família. Consequentemente, há um risco cada vez mais presente que se relaciona com este adiamento da parentalidade: a infertilidade. A capacidade reprodutora do casal diminui ao longo da idade. Acrescem os factores emocionais que dificultam o processo, nomeadamente o stress do quotidiano.
Esta é uma dura prova para qualquer casal. O stress e a ansiedade despoletados perante a situação de infertilidade relacionam-se não só com a pressão social para gerar descendência mas também com os conceitos de feminilidade e masculinidade. Cada indivíduo e cada casal reagem de forma diferente. Contudo, grosso modo, sentimentos depressivos, raiva, culpa e isolamento social são as manifestações mais comuns. Mais, há severas consequências a nível da satisfação e futuro conjugal. Muitas vezes, a dificuldade em conceber um filho pode ser estritamente do foro psicológico. O stress e a ansiedade representam um obstáculo central e frequentemente a criança pode ser concebida quando menos se espera, inclusivamente quando o casal já desistiu de tentar. Noutros casos, quando a origem do problema é orgânica e está, concretamente, num dos elementos do casal, surgem ampliados os sentimentos de culpabilização e a diminuição da auto-estima, devido ao sentimento de responsabilização pela dita incapacidade.
Depois, vem a busca de uma solução. Os tratamentos para infertilidade podem ser física, emocional e economicamente desgastantes para o casal. É essencial um suporte psicológico competente, levado a cabo por técnicos que acompanhem o casal ao longo de todo o percurso e que proporcionem um entendimento das várias etapas do processo. Dentro do próprio casal, é fundamental manter sempre aberto um canal de comunicação, assim como procurar um suporte psicoterapêutico que ajude a elaborar o stress, as angústias e as frustrações inerentes a todo o processo. Sem esquecer o papel de conforto a representar pelos familiares.
Esta é uma situação de vida que o casal não deve, de todo, enfrentar sozinho. É ainda importante não permitir a medicalização da questão. A infertilidade possui causas multideterminadas, portanto, acima de tudo, não se admite uma intervenção que exclua a dimensão emocional nem o contexto social no qual está inserida.

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