terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Homem na Arena

Arena de Pula, Croácia
"Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem tropeçou ou como poderia ter feito melhor. O crédito pertence ao homem que está na arena, cujo rosto está manchado de pó e suor e sangue; que luta com bravura; que erra, que desaponta uma e outra vez, porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na verdade, se empenha nos seus feitos; que conhece grandes entusiasmos, as maiores paixões; que se entrega a uma causa digna; que, no melhor dos casos, conhece por fim o triunfo da grande conquista e, no pior, se fracassar, fracassa ousando grandemente (...)"

— Theodore Roosevelt

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Paisagens Humanas

Fotografia de Finn Beales
Fotografia de Sofia Pracana
Fotografia de Finn Beales

Há pessoas que são florestas cerradas. Oferecem caminhos sinuosos, por vezes agrestes, entre o denso arvoredo. Envolvem-nos em nevoeiro, atirando-nos ao arrepio de enredos misteriosos enquanto o diabo esfrega um olho. O dia é curto, a noite é longa. E há as sombras. Pressentimos que muito se esconde entre as sombras mas, como não nos é permitido perceber o que é, o descanso não tem lugar aqui; vigilantes, os sentidos precisam de se certificar que não nos perdemos ou que nenhum animal à solta nos surpreenderá. Lembramo-nos destas pessoas com o fascínio que nos despertam os lugares inóspitos, muito belos na sua natureza mas que não se permitem habitar.
Há pessoas que são grandes cidades. Espaços pulsantes, agitados, que nos oferecem luzes, entretenimento e cultura, e nos fascinam pelo seu charme e movimento. Oferecem-nos um pouco de tudo excepto o silêncio e a possibilidade de contemplação que nos faz falta. Também as luzes podem ofuscar. Não há grandes perigos mas o ruído impera, cansando-nos. Depois, o tempo aqui é demasiado veloz, não há espaço para o tédio nem para a placidez. Recordamos estas pessoas com o sorriso que nos desperta a chegada de madrugada a uma metrópole que nunca dorme.
Há pessoas que são praias abertas. Lugares luminosos, amenos, cujos areais se estendem ao alcance dos nossos olhos. E ali nos espraiamos, horizonte sempre à vista, descansando o corpo e o espírito. Podemos correr, podemos dormir, podemos tomar banho. Podemos despir-nos sem pudor. O tempo corre sem pressas. Faltará, porém, alguma da energia vibrante que encontrámos noutros lugares, florestas e cidades desse mundo. Faltará o arrebatamento. Lembramo-nos destas pessoas com a serenidade de quem chega a casa.
A diversidade natural é a maior riqueza do nosso planeta. Que se saiba, não há ainda outro igual: tantos cenários, tanta complexidade. Da mesma forma nos encanta o espectro humano. É nessa multiplicidade que nos desenvolvemos. Entre florestas, praias e cidades, viver é precisamente ir explorando todos os ambientes com a curiosidade que nos é inata, retirar o melhor de cada um e descobrir onde queremos morar, onde seremos mais felizes, a cada momento.

domingo, 8 de novembro de 2015

Do que aprendi


Aprendi com tudo isso que aprende mais rápido quem sabe olhar em diferentes direcções e adopta novos ângulos de visão; aprende mais rápido quem escuta o outro, quem se dispõe a abandonar os seus desejos ou crenças para criar espaço; aprende mais rápido quem é humilde e também quem aceita sem oferecer excessiva resistência; aprende mais rápido quem não tem medo de dobrar ou de cair e quem se ri de si mesmo quando tal acontece; aprende mais rápido quem não se deixa apanhar pela vergonha de falhar, de fazer mal feito; aprende mais rápido quem se expõe, porque se arrisca; aprende mais rápido quem se desapega da prepotência de querer aquilo naquele momento e daquela maneira: às vezes não dá. Aprende mais rápido quem tenta distinguir o possível do impossível. Ou seja, aprende mais rápido quem respeita a realidade enquanto ser gigante que não se verga e por isso aceita a impotência de viver nela e com ela. Aprende mais rápido quem não perde mais que o tempo suficiente a lamentar-se ou a enraivecer-se com isso. Aprende mais rápido que tem essa capacidade de ajustamento e/ou adaptação. Porém, aprende mais rápido quem se permite sair da harmonia da adaptação quando surgem perguntas e se impõe um outro entendimento. De resto, e enquanto isto, aprende sempre mais rápido quem intui que o tempo também tem o seu papel e escolhe avançar — à distância entendem-se melhor as coisas.