sábado, 30 de agosto de 2014

Vida Interna

"Nunca estou só", dizia-me ele, já velho. "Estou sempre com os meus pensamentos". E tinha ainda a música.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Curiosidade, Motor de Expansão


A curiosidade é um dos indicadores de saúde mental. Sinal de mente em expansão, insaturada, que quer conhecer e perceber mais e melhor o mundo em que se insere. O seu e o dos outros, ou seja, o nosso mundo interno (os nossos desejos, sonhos e angústias) e o mundo interno dos outros (na medida em que é possível conhecer aqueles que nos rodeiam). E ainda conhecer o mundo propriamente dito, a chamada realidade e suas manifestações: cultura, política, ciência ou geografia. Tanto há para conhecer que é de estranhar quando não há o menor sinal de interesse em perceber um pouco melhor este lugar (mente, corpo e planeta) onde moramos. Nas crianças, a curiosidade é um acto espontâneo. Pelo menos, até ao dia em que seja castrado. Pois nem sempre a curiosidade infantil é bem recebida e quando assim é, a mente começa a definhar ainda antes de se poder expandir. Perguntar é sinal de reflexão. Querer saber é indicador de entusiasmo. Estudar, experimentar e pensar são os promotores da evolução. Se assim não fosse, se nos bastasse a rotina mecânica de um quotidiano qualquer, ainda hoje viveríamos nas cavernas, sem fogo, sem roda e sem nada do que hoje conhecemos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Respirar


Não somos máquinas, somos pessoas. É importante poder respirar. Entre tarefas, entre assuntos, entre relações. Num mundo que bate palmas àqueles que vivem em "modo TGV" (que vivem um dia com 24h como se ele tivesse 36h) é difícil fazer crescer esta ideia, mas que fique a semente, pois em solo fértil, germinará. 

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Histórias de Desespero e de Esperança


Podíamos contar uma história, que pode ser a história de qualquer um de nós. Por norma, estas histórias começam com esperança, nem que seja por dois minutos. Depois, mais cedo ou mais tarde, acabaremos por conhecer o desânimo. Perante um desânimo de cadência continuada, irrompe então o desespero. E é aí, no lugar do desespero, que a história sempre se divide em dois finais diferentes: ou retomamos o caminho da esperança, ou perdemos a fé nas coisas boas e entregamo-nos a uma qualquer forma de desistência.
Assim, o desespero e a esperança são dois sentimentos antagónicos no que toca à reacção às contrariedades, sempre em função daquilo que esperamos da vida. Esperança é fé e entusiasmo. Se na nossa história encontramos sempre algo em que acreditar, que nos segure e nos empurre em frente, é porque somos fundamentalmente movidos a esperança. E isso é bom. Desespero é a sensação de exaustão. É o fim de um caminho. Irrompe nos momentos em que não se espera absolutamente mais nada de uma situação. É, no entanto, por isto que muitos pensadores defendem que a esperança vem depois do desespero. A exaustão pode proporcionar rupturas importantes na nossa vida. Nem todas as crises são más.

E a verdade é que, não raras vezes, oscilamos entre ambos, conforme os tempos e as circunstâncias. Os momentos de desespero fazem, sim, parte da vida, contudo, é na capacidade de reencontrar o caminho da esperança que mora a saúde mental. Afastamo-nos da saúde mental quando deparamos com desesperos tão desesperados que se torna impossível recorrer ao pensamento e retomar o caminho do desenvolvimento. Não é invulgar, pois o desespero é, de certa forma, uma emoção-limite, algo da ordem do insuportável. E é muito doloroso passar por estes estados emocionais. Seria possível viver uma vida inteira deprimido, mas não seria possível viver a vida inteira em desespero, seria um desgaste que o corpo e a mente não aguentariam. Assim, o desespero surge em picos e vai alternando com alguma serenidade que, por norma, conseguimos sempre reencontrar. Com maior ou menor eficácia, a maioria de nós consegue embalar-se nos momentos mais difíceis e reencontrar uma forma de tornar a acreditar. Na mais pequena coisa que seja. A maioria de nós reencontra sempre a esperança dentro de si. Até porque o fim de um caminho permite sempre a descoberta de outro. E é nessa capacidade de reencontrar novos trilhos que reside a esperança. Sabemos que depois de cada tempestade vem sempre a bonança, como diz o povo.

sábado, 2 de agosto de 2014

Sobre a Pequenez

Randy P. Martin Photography

Somos pequeninos. Somos imensamente pequenos. Somos tão pequenos que quando nos lembramos disso nos assustamos com a nossa fragilidade. Por outro lado, como somos pequenos também temos muito para nos entreter. Muito que descobrir. Podemos encontrar coisas novas em cada esquina. Podemos surpreender-nos com milhões de quilómetros quadrados de desconhecido e com biliões de pessoas que ainda não pudemos conhecer. O que seria se o mundo fosse à nossa escala e fossemos obrigados a habitar a vida inteira circunscritos a três ou quatro metros de terreno? Definharíamos. Somos pequeninos mas temos um mundo inteiro à nossa espera. Somos pequeninos, mas não pequeninos o suficiente para sermos insignificantes. Podemos fazer a diferença. E o melhor é que podemos simultaneamente passar despercebidos. Podemos errar e fazer disparates sem que o mundo se desmorone em absoluto por nossa responsabilidade. Somos pequeninos e isso não é necessariamente mau, pelo contrário, é um mundo inteiro de possibilidades.