Há
algum tempo a capa da revista Time apresentou-nos
a “Me Me Me Generation”,
categorizando a juventude actual como extremamente narcísica, individualista e
egocêntrica. Rapidamente se instalou a polémica perante essa capa que correu o
mundo. Em defesa dos jovens se diga que, por exemplo, é mais comum desenvolverem
comportamentos pró-ambientais do que um indivíduo de 50 ou 60 anos. Sendo o
planeta responsabilidade de todos, quem serão os mais individualistas? Há na
juventude, claramente, narcisismo e egocentrismo ‒ o que é diferente de individualismo. É
que os dois primeiros estão intimamente ligados ao processo de crescimento: narcisismo,
porque a identidade própria está em construção e necessita de ser reafirmada; egocentrismo,
porque a imaturidade torna difícil entender as coisas sob outros e diferentes pontos
de vista que não o próprio. Mas individualismo, atitude de não se preocupar com
os outros, será uma acusação injusta, pois se há coisa que caracteriza a
adolescência é a sensibilidade social e a busca de justiça. Vendo bem, quantos
adultos não são igualmente narcísicos e egocêntricos, tendo ficado suspensos no
seu caminho de crescimento pessoal?
Acusações
mediáticas à parte, há sempre tensão entre gerações. É com frequência que
opiniões públicas ou privadas a denegrir as gerações mais novas se fazem ouvir.
Porque se atacam tanto os jovens? Que os jovens possam criticar os “velhos” até
se entende, já que são eles os “miúdos”, inexperientes e justiceiros, para quem
é tão fácil apontar o dedo. Que os adultos respondam na mesma linguagem é que se
torna mais difícil de entender, pois deveriam ter algum entendimento sobre o
que ficou para trás. Será tão fácil esquecer o quanto as gerações sempre
chocaram entre si? Será tão difícil lembrar como os jovens de antigamente
também se diferenciaram dos seus pais? Tudo o que é diferente é estranho, mas
não necessariamente mau. O futuro o dirá.
Todas
as gerações são diferentes das gerações que as precederam. Se o mundo está em permanente
transformação como poderia ser de outra maneira? A verdade é que o ser humano
tem alguma dificuldade em responsabilizar-se pelo que acontece em seu redor mas
somos nós quem define a direcção em que se move o mundo. Para falar sobre
jovens, teremos de sempre de falar um pouco sobre quem foram os pais dos jovens
e de que cultura de valores foi criada para eles, seja em que época for. Se não
gostamos dos jovens que criámos teremos sempre de fazer um mea culpa sobre o mundo que construímos para eles.
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