Ao
mesmo tempo que todos reconhecemos as maravilhas da evolução tecnológica,
sabemos também que nem sempre estes recursos são utilizados da melhor forma. Assim,
surgiu há pouco tempo o termo “nomofobia”, uma palavra
que resulta da contracção da expressão inglesa “no mobile phobia”. Refere-se ao medo de ficar impossibilitado de
aceder ao telemóvel. Também se aplica ao medo de ficar desconectado das redes
sociais (pelo menos até alguém inventar um qualquer nome específico também para
isso). Com a proliferação dos smartphones,
podemos dizer que uma coisa e a outra (telemóvel e redes sociais) estão cada
vez mais relacionadas. Dizem os dados de um estudo efectuado em Fevereiro, no
Reino Unido, que 66% dos inquiridos diz-se "muito angustiado" com a
ideia de perder o seu telemóvel. A proporção chega a 76% nos jovens entre os
18-24 anos, segundo um outro estudo. Cerca de 40% dos indivíduos consultados
afirmaram possuir mais de um aparelho.
Posto isto, que ninguém se assuste ou despreze a tecnologia com
receio de “apanhar” uma fobia, visto que elas não se pegam nem se reproduzem. Esta
“nova fobia” é apenas um nome para mais uma manifestação de ansiedade, manifestações,
estas, que se transformam em função dos tempos e das realidades. Sempre houve
medo, ansiedade e pânico, o que muda é o meio que nos envolve a forma como,
consequentemente, manifestamos essas emoções.
Este receio de ficar desligado da tecnologia permite uma análise
mais adequada e profunda, já que ele representa, sobretudo, a incapacidade de
estar só. Como se, ao “desligar” o telemóvel ou o computador, corressemos o
risco de, também nós, nos desligarmos dos outros e, os outros, de nós. Certo é
que só dependemos de estar insistentemente ligados aos outros se precisarmos
deles para não nos sentirmos sós e/ou quando não confiamos o suficiente nas
relações e nos afectos que nos rodeiam, exigindo um contacto sistemático que
afaste os nossos medos.
Quando sozinhos consigo próprios, muitos se sentem invadidos por
um vazio insuportável. Ou, ainda, invadidos por pensamentos que, pelo menos ao
falar com alguém, se vão dissipando com mais facilidade. Uma companhia é, sem
dúvida, um forte distractor. E, aqui, entra a tecnologia: o telemóvel e as
redes sociais vieram facilitar, indubitavelmente, a comunicação entre as
pessoas. Deixou de ser preciso esperar muito para falar com alguém, as pessoas
vivem à distância de uma chamada ou de um click. Permanece a questão mais
importante de todas: Estamos a usar estas facilidades de comunicação e ligação
de forma saudável, ou antes como um remédio fácil que mascara a incapacidade de
estar só por um segundo que seja?
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