Nos
anos 50, John Bowlby efetuou um trabalho muito importante no estudo das
ligações humanas, desenvolvendo a Teoria da Vinculação. Mais tarde, durante a
década de 70, Mary Ainsworth expandiu o trabalho de Bowlby, estudando as
reações a uma separação curta entre crianças (dos 12-18 meses ) e suas mães, e relacionando
essas reações com o tipo de ligação existente entre ambos. Abstraíram-se desta
experiência três tipos básicos de vinculação bebé-mãe e suas consequências.
Então,
o mais adaptativo tem o nome de vinculação segura, um estilo relacional em que a criança se relaciona com a mãe com
segurança (e vice-versa), e com essa confiança mútua a criança torna-se capaz de explorar o meio ativamente. Chora pouco
na presença da mãe mas nos momentos de separação mostra-se naturalmente perturbada
(e não é reconfortada por outras pessoas). Nos reencontros com a mãe, a criança
saúda-a efusivamente e procura o contacto com ela. Existe equilíbrio entre os
comportamentos de ligação à mãe e de exploração do mundo envolvente. Depois, há a vinculação
insegura ambivalente, em que a criança permanece muito juntinho da
mãe, aparenta ansiedade e explora pouco o meio envolvente. Nos momentos de separação mostra-se
muito perturbada e nos reencontros com a mãe o comportamento da criança pode
alternar entre tentativas de contacto e sinais de rejeição (empurrar,
pontapés). Após esse reencontro a criança fica vigilante e talvez se aproxime ainda mais, logo, os
comportamentos de vinculação predominam face aos comportamentos
exploratórios. Por último, a vinculação insegura evitante, onde a criança,
defensivamente, “faz de conta que não se importa”. Permanece mais ou menos
indiferente quanto à proximidade da mãe e entrega-se à exploração do
meio. Na ausência da mãe a criança pode chorar ou não, e nos reencontros desvia
o olhar e evita o contacto com ela. Os comportamentos exploratórios prevalecem face
aos comportamentos de vinculação. Mais tarde veio a acrescentar-se um
quarto tipo, vinculação desorganizada, em que o comportamento da criança é
confuso e parece não ter um objetivo claro ou explicação.
O
tipo de vinculação que se estabelece entre uma criança e a figura materna é um fenómeno complexo mas realçam-se,
como fatores facilitadores de uma vinculação segura: a disponibilidade emocional para esse encontro
amoroso, empático, intuindo e respondendo adequadamente às necessidades afetivas
do bebé, i.e., estar com ele psicologicamente, mesmo no sofrimento, ir dando
voz às suas sensações e aguardando em conjunto o fim do mal-estar; destaca-se a
importância da previsibilidade,
i.e., de a criança saber com o que pode contar por parte da mãe; destaca-se a
importância do toque, da forma
segura e amorosa como se pega o bebé, bem como o respeito de o deixar estar quando ele de nada precisa. Uma vinculação
segura na infância será atualizada pela vida fora, providenciando relações
saudáveis, com base na confiabilidade, que nos permitem viver com o outro e ao
mesmo tempo partir à descoberta de nós e do mundo.