O
relógio da cozinha continua parado e avariado há mais de um ano. Quantas vezes
pensei que bastaria pôr-me em cima de um banco, pegar nele e atirá-lo para o
lixo? Mas nunca o fiz. Nunca o fiz porque aquele relógio sou eu. Ele precisa de
estar assim, porque algumas coisas precisam de denunciar o que se passa dentro
de nós. Não é a preguiça que me impede de o deitar fora, é a verdade. E a
verdade é que o tempo está parado dentro de mim. A minha casa sou eu. Está
parada. Quando eu começar a funcionar, vai aparecer um relógio a funcionar.
Marta Gautier
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