Na
última sessão, três meses depois, Celina (11 anos) repetia para o pai sem o
olhar: “Não gosto de ti! Não te quero ver!”.
Eu
intervenho com a tradução latente, para o pai: “ A Celina não quer ver, não
porque não gosta, mas porque gosta mesmo muito do seu pai!...”
O
tom afirmativo e seguro da minha voz ajudou Celina a aceitá-lo. Fica muito
menos tensa e caem-lhe lágrimas em silêncio.
O
pai, que era de facto um homem inteligente e seguro, colabora de modo
excelente. Após um silêncio pergunta-lhe suavemente quando pode ir buscá-la a
casa para lancharem juntos.
Esta
responde: “Lá para Novembro!” (estamos em Agosto). Numa intuição notável, o pai
insiste: “Então talvez logo às cinco da tarde…” – “Bem, não sei! Não sei se
tenho compromissos. Tenho que perguntar à mãe se posso.”
Já
que a mãe e a terapeuta consentem este amor, ele não é mais causa de sofrimento.
Saio do gabinete e deixo-os a combinar pormenores.
Teresa Ferreira in A Defesa da Criança
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