Há dias que são como mares revoltos. Nesses dias, as emoções
são fortes. Porque tal como a agitação marítima traz à superfície coisas que
habitualmente estão no fundo do mar, a turbulência emocional invoca o que está
no mais profundo de nós, misturando tudo à superfície. Se o mar está agitado, mais cedo ou mais
tarde, enquanto combatemos as ondas e as correntes, vêm ao de cima os medos
mais remotos, as feridas mais antigas e as memórias mais bem guardadas,
fazendo-nos sentir ainda mais desamparados face às intempéries. O pânico pode
tomar conta. Felizmente, temos também acesso aos nossos recursos e bóias de
salvação que fomos armazenando durante o caminho. Afectos positivos,
aprendizagens e competências de toda a espécie que mobilizamos para combater
tudo o que de mau nos atormenta no meio da tempestade. Na certeza, sempre, que
nenhuma tempestade dura para sempre e que a impermanência das coisas é, nestes
momentos, uma característica muito útil da condição humana. Depois da
tempestade vem a bonança. Isso sim, invariavelmente.
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