Apesar
de haver cada vez mais sensibilidade relativamente aos assuntos do foro da
saúde mental, a verdade é que alguns sintomas depressivos continuam a ser
desvalorizados e/ou a passarem despercebidos. Estar deprimido não é somente o
abismo negro, desesperante, que muitos imaginam. Não é obrigatório chegar ao ponto de
apresentar tendências suicidas; podemos estar deprimidos e continuar a
funcionar nos vários níveis da nossa vida, embora num ritmo e frequência
diferentes. Ou seja, estar deprimido não implica necessariamente abandonar o
trabalho ou negligenciar a higiene pessoal ou da casa e as relações familiares.
Muitos dos tantos que trabalham todos os dias, tomam banho e estendem a
roupa todos os dias, vão buscar os filhos à escola todos os dias, apresentam sinais
de depressão, em maior ou menor grau, que não os incapacitam na totalidade, mas
que diminuem a sua felicidade e qualidade de vida:
1. O
“cansaço” crónico: abatimento, inércia, apatia, “preguiça” de fazer as coisas, ausência de
vitalidade, de dinamismo, de energia;
2. A
falta de interesse e de alegria: ausência de entusiasmo pelas coisas, falta de
apetite pela vida, dificuldade em sentir prazer nas mais diversas
circunstâncias, levando, por vezes, ao isolamento social e relacional;
3. A
baixa auto-estima e desvalorização pessoal: sentimento de que ninguém gosta de
nós, que não temos valor e que não fazemos nada de jeito;
4. A
culpabilidade: perda da capacidade de distinguir uma acusação justa de uma
acusação injusta, aceitação acrítica das acusações que nos são dirigidas,
responsabilização excessiva ou mesmo ilógica perante as situações que não
dependem de nós;
5. A
perda da líbido, do desejo sexual: dificuldade ou incapacidade de retirar
prazer, gozo, da relação com o outro, às vezes justificada com o dito “cansaço”
ou pela acusação do outro;
6. A
perda de apetite ou alimentação descuidada: pouca vontade de comer e hábitos
alimentares nocivos e/ou nutricionalmente pobres (à base de “comida preguiçosa”,
como por exemplo, snacks, “fast-food”, guloseimas);
7. A
insónia e/ou fadiga: turbulência nos padrões de sono (dificuldade em adormecer,
sono interrompido, ou excesso de horas de sono mas pouco revigorantes);
8. As
dores físicas: queixas sistemáticas de sofrimento físico, seja ósseo, neurológico,
visceral ou muscular, com presença de dores mais ou menos resistentes aos
tratamentos médicos, muitas vezes sem diagnóstico clínico que justifique a sua
presença;
9. A
memória fraca: dificuldade em lembrarmo-nos detalhadamente dos acontecimentos e
atenção diminuída/empobrecida sobre a vida, muitas vezes atribuída à
“distracção” ou “cansaço”;
10. A
indecisão: um querer e não querer ou nem sequer saber o que se quer ou para
onde se vai, consequência directa da dificuldade em se ouvir a si mesmo ou de
confiar em si mesmo.
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