Podíamos
contar uma história, que pode ser a história de qualquer um de nós. Por norma, estas
histórias começam com esperança, nem que seja por dois minutos. Depois, mais
cedo ou mais tarde, acabaremos por conhecer o desânimo. Perante um desânimo de
cadência continuada, irrompe então o desespero. E é aí, no lugar do desespero, que
a história sempre se divide em dois finais diferentes: ou retomamos o caminho
da esperança, ou perdemos a fé nas coisas boas e entregamo-nos a uma qualquer
forma de desistência.
Assim,
o desespero e a esperança são dois sentimentos antagónicos no que toca à
reacção às contrariedades, sempre em função daquilo que esperamos da vida. Esperança
é fé e entusiasmo. Se na nossa história encontramos sempre algo em que
acreditar, que nos segure e nos empurre em frente, é porque somos
fundamentalmente movidos a esperança. E isso é bom. Desespero é a sensação de exaustão.
É o fim de um caminho. Irrompe nos momentos em que não se espera absolutamente
mais nada de uma situação. É, no entanto, por isto que muitos pensadores
defendem que a esperança vem depois do desespero. A exaustão pode proporcionar
rupturas importantes na nossa vida. Nem todas as crises são más.
E
a verdade é que, não raras vezes, oscilamos entre ambos, conforme os tempos e as
circunstâncias. Os momentos de desespero fazem, sim, parte da vida, contudo, é
na capacidade de reencontrar o caminho da esperança que mora a saúde mental. Afastamo-nos
da saúde mental quando deparamos com desesperos tão desesperados que se torna
impossível recorrer ao pensamento e retomar o caminho do desenvolvimento. Não é
invulgar, pois o desespero é, de certa forma, uma emoção-limite, algo da ordem
do insuportável. E é muito doloroso passar por estes estados emocionais. Seria
possível viver uma vida inteira deprimido, mas não seria possível viver a vida
inteira em desespero, seria um desgaste que o corpo e a mente não aguentariam. Assim,
o desespero surge em picos e vai alternando com alguma serenidade que, por
norma, conseguimos sempre reencontrar. Com maior ou menor eficácia, a maioria
de nós consegue embalar-se nos momentos mais difíceis e reencontrar uma forma
de tornar a acreditar. Na mais pequena coisa que seja. A maioria de nós
reencontra sempre a esperança dentro de si. Até porque o fim de um caminho
permite sempre a descoberta de outro. E é nessa capacidade de reencontrar novos
trilhos que reside a esperança. Sabemos que depois de cada tempestade vem
sempre a bonança, como diz o povo.
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