Querer ser e fazer melhor é um desejo que funciona como motor
do crescimento humano mas a busca da perfeição é uma atitude de natureza
totalmente diferente. O perfeccionismo é uma forma rígida e insatisfeita de
existir, que encara com severidade e intransigência as falhas ou as dificuldades (as próprias e,
consequentemente, as dos outros). Nem sempre é uma escolha pessoal. Os
"perfeccionistas" são, vulgarmente, aqueles que mais sofrem. Vivem
aprisionados num rigor prepotente, que não admite nada menos que a excelência,
mesmo quando sabemos que tudo tem o seu defeito, tudo tem o seu senão. É, bem
vistas as coisas, uma atitude resistente à condição humana, condição de
imperfeição, já que só o divino cumpre, eventualmente, o ideal de perfeição. Logo,
revela alguma omnipotência da nossa parte. Quem pensamos que somos para
ambicionar a perfeição? E mais, será que a perfeição nos faria mais felizes?
Com certeza que não é por aí. O bem-estar é um estado de espírito independente
do grau de "perfeição" de cada um. É por isso que entre o
perfeccionismo e o desejo de querer ser melhor há todo um universo de moderação
e aceitação. Aceitação de nós próprios, em primeiro lugar. Pois a busca da
perfeição é, em primeiro lugar, espelho da falta de amor que temos por nós e
que nos leva em busca de um ideal a que queremos corresponder. Mais amor, por
favor. Só em amor podemos evoluir de forma bonita e natural.
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