Eficiência e eficácia são dois conceitos muito
utilizados na gestão de empresas. A eficiência avalia como se faz, pressupõe dinamismo
e rapidez. Uma operação é eficiente quando gasta o mínimo de recursos para
obter um dado resultado. A eficácia, por sua vez, avalia até que ponto se
alcançou o resultado, independentemente da forma como se obteve. Pressupõe durabilidade
e qualidade.
Em gestão empresarial, é muito importante que uma
empresa seja eficiente, pois consegue produzir a custos inferiores. É natural
que, na sua maioria, as empresas procurem também a eficácia, isto é, cumprir
objetivos. Assim, para tal, uma das exigências de hoje em gestão empresarial é
a contratação de mão-de-obra extremamente qualificada: profissionais com um
perfil de competências que permita acompanhar um mundo cada vez mais
competitivo. Mas o que acontece quando começamos a aplicar a lógica empresarial
à vida de cada um de nós?
É que andamos a olhar a vida como se fosse uma
empresa: cada vez mais exigentes com o tempo que demoramos a fazer coisas ou a
atingir resultados. Costuma dizer-se que “rápido e bem não há quem” mas tal
ditado parece esquecido nas malhas da omnipotência do séc. XXI. Olhamos as
pessoas à luz da gestão. É a ditadura da eficiência e a busca da máxima
eficácia aplicada à história pessoal de cada um: quantas metas já atingiste e
quanto tempo demoraste a chegar? Olhamos uns para os outros de forma
competitiva, como se as vidas se avaliassem segundo uma qualquer checklist ou como se nos posicionássemos
segundo uma espécie de ranking. Negamos
assim a diversidade, tão fundamental ao
equilíbrio das espécies. Esquecemos que é legítimo existirem possibilidades
diferentes (e todas válidas) para todas as vidas. Um pouco em todos os
contextos pede-se sobretudo eficiência, que sejamos rápidos a resolver
situações e/ou a concretizar sonhos.
Na saúde mental, embora saibamos que o uso de
psicofármacos por si só não trata a maioria das patologias muito menos resolve questões de fundo da personalidade de cada um, continuamos a
prescrever como forma de tratamento. O objectivo é minimizar os sintomas, de
forma rápida: “apagar” a depressão nos adultos e controlar a agitação nas
crianças, ainda que não se entenda verdadeiramente o que entristece ou agita as
pessoas.
O ser humano é complexo, e complexos são os seus
processos. O ser humano demora tempo a formar-se. É preciso tempo para construir
projetos consistentes ou desconstruir as dores da vida. O mundo não quer desperdiçar
um segundo mas sabemos, felizmente, que há ainda quem nos ensine ou apoie a ser feliz na diferença e/ou a
abordar os sonhos devagar, como na fábula da lebre e da tartaruga. Há quem não se
submeta à pressão dos números, quem olhe para as pessoas e veja o que elas
precisam: e, às vezes, precisam de tempo. Tempo para crescer, tempo para
sofrer, tempo para saber, para aprender, para compreender, para ser — seja lá o que for.