Nascemos.
Num determinado lugar e numa certa família, que não escolhemos. Dão-nos um
nome, que também não escolhemos, mas somos donos de um corpo e de uma alma. A
nossa alma (ou mente ou psique) permite-nos pensar e sentir, e esse corpo
permite-nos concretizar coisas. Chegados aqui, o que fazemos com isso? Que faço
eu da minha vida e que pretendo ainda fazer? Dar um sentido à vida é algo que vive
na mente de alguns mas não na mente de todos. Perspectivar o passado e planear
o futuro, sabendo de onde viemos mas olhando principalmente para onde nos
dirigimos é atribuir significado à nossa existência. E é fundamental. O sentido
da vida diverge de pessoa para pessoa, de dia para dia e, por vezes, de hora
para hora, pois o que interessa, sobretudo, não é um objectivo geral, único e
rígido, mas o significado específico que vamos atribuindo ao longo do tempo e
dos acontecimentos e que, naturalmente, se modifica e adapta em função do nosso
desenvolvimento pessoal.
Em
meados do século passado já tínhamos compreendido que os indivíduos que melhor
sobreviveram aos campos de concentração durante a II Guerra Mundial (os que
ficaram menos debilitados física e psicologicamente) foram maioritariamente
aqueles que se agarraram a uma razão para sobreviver e mantiveram em mente uma
motivação forte para o conseguirem. Mais recentemente, investigação médica
descobriu que um forte sentido de existência (e o bem-estar subjacente a esse
sentimento) se correlaciona com uma melhor saúde física e longevidade. E, por
fim, chegou-se à Saúde Mental: aqueles que desenvolvem objectivos para a sua
vida e que se empenham e comprometem na sua concretização tornam-se pessoas
mais felizes e saudáveis. Dar sentido à nossa vida protege-nos da depressão, da
ansiedade e mesmo da deterioração cognitiva. Novas evidências científicas
sugerem ainda que é uma capacidade essencial para atenuar os sintomas de
doenças degenerativas como o Alzheimer, num estudo que tem permitido concluir
que aqueles que em vida atribuem mais significado à sua existência e mantêm
presente os seus propósitos estão mais protegidos contra este mal.
São
aqueles que não se limitam a viver um dia de cada vez sem pensar no futuro, são
os que se sentem bem com o que fizeram da sua vida e com o que planeiam fazer
futuramente, aplicando-se na concretização dos sonhos, e ainda os que não
desistiram desses objectivos com o passar no tempo nem mesmo perante as
adversidades. O vazio existencial é uma morte lenta. Sonhar com esperança,
planear com entusiamo, concretizar com perseverança. Viver, e nunca apenas
sobreviver.