§ Este ano
termina e estou mais apaixonada pela vida. Tinha conhecimento que vivíamos um
momento de expansão da consciência mas saber é diferente de sentir. Só a
experiência dá vida aos conceitos.
§ Não sei
como será para o ano porque uma das coisas que me atingiu como um raio foi a
noção de IMPERMANÊNCIA, de tudo aquilo que é hoje e que amanhã deixa de ser.
Isto traz-nos ao momento presente, que se torna mais puro e melhor vivido ao
conseguirmos um maior desprendimento do passado (o que doía ontem já não dói
hoje) e maior confiança no futuro (o que dói hoje não irá doer amanhã). Tudo
passa. A energia que desperdiçamos na angústia com aquilo que já lá vai e com
aquilo que há-de vir é demasiada e faz muita falta para vivermos bem o
presente. Como o nome indica, o presente é o momento de estarmos PRESENTES.
§ Essa
impermanência das coisas leva-nos à constatação de que o que parece mau nem
sempre é mau e de que o que parece bom nem sempre é bom. Sou levada a crer que
a nossa existência talvez pressuponha realmente ser-se feliz enquanto cá
estamos. Dizem por aí às vezes que a vida é feita para sofrer mas parece-me
mais que o sofrimento é uma opção, ou seja, que depende da perspectiva do
observador. No quotidiano, está a tornar-se mais fácil ver o lado bom das coisas
aparentemente más e, por incrível que pareça, quanto mais se pratica isto mais
faz sentido. Penso que a esta tendência para nos pacificarmos perante os
obstáculos se pode chamar ACEITAÇÃO. Será tanto mais fácil quanto maior a
confiança de que por trás de uma complicação pode estar uma bênção.
§ A
aceitação anda de mãos dadas com a REFLEXÃO, porque para aceitar tenho que
perceber que sou altamente responsável pelo que me acontece, e com a GRATIDÃO,
pois se eu aceito que coisas menos boas me acontecem e que muitas vezes essas
coisas são indicadoras de que algo melhor está a caminho, torno-me uma pessoa
mais grata por tudo o que gira em meu redor. O inverso disto será praguejar,
culpar os outros ou sentir-me uma vítima do Universo e creio que este é um terreno
pantanoso de onde dificilmente se sai.
§ A
aceitação, a reflexão e a gratidão só podem germinar num pensamento FLEXÍVEL,
capaz de questionar o mundo (interno e externo) e de aceitar perspectivas
divergentes e hipóteses que nos ultrapassem. Flexibilidade dos conceitos e das
ideias. Certezas absolutas são para deitar fora. Conviver com a dúvida é
fundamental (já que a impermanência existe) e para isso precisamos de ser
plásticos. A rigidez torna-nos duros, por vezes implacáveis, connosco e com os
outros.
§ A
flexibilidade ajuda-nos a ver as coisas como um FLUXO contínuo, não
dicotomizando nem polarizando (bom e mau, certo e errado, feliz e infeliz,
passado e futuro). Essa perspectiva permite-nos maior capacidade de integração
das partes no todo. Todo o passado conduz ao presente e ao futuro. Tudo o que
faço hoje se reflecte amanhã. Tudo o que dou agora receberei depois (e tudo o
que não dou naturalmente não receberei). Todo o meu passado me conduziu à
pessoa que sou e me encaminha para a pessoa que serei. A existência é um continuum.
§ Se o
Universo funciona num continuum podemos dizer que, enquanto
indivíduos, estamos todos ligados. É por isso que a UNIÃO e a COOPERAÇÃO devem
prevalecer sobre a competição. Porque todos juntos temos mais força do que
separados. Esta UNIÃO só pode acontecer se não se basear na dependência. Para
haver verdadeira cooperação todos os indivíduos devem possuir AUTONOMIA
(fundamentalmente emocional pois o resto vem por acréscimo). Caso contrário,
uns sugam os outros e numa relação parasita/hospedeiro nada se cria, tudo se
consome.
§ Para além
da questão da força/energia colectiva, importa pensar que se estamos todos
ligados aquilo que eu sou e que eu faço influencia aqueles que se relacionam
comigo. Temos uma esfera de influência em nosso redor e essa consciência
traz-nos RESPONSABILIDADE. Essa responsabilidade não é só para com seres
humanos mas também para com os ANIMAIS e com o PLANETA, a quem também estamos
ligados. Ter noção de que o chão que pisamos é responsabilidade nossa é cada
vez mais fundamental.
§ Como a
LIBERDADE é um pilar da nossa existência (o outro será o AMOR) é preciso
aceitar que há quem não respeite nada disto. O que nos conduz à ideia de que,
sobre estes e outros assuntos, por mais que gostássemos que os outros mudassem
não nos compete a nós interferir na vida alheia. Há uma certa omnipotência
subjacente a isto. A única e a melhor forma de produzir mudança, é sermos nós a
mudar. Para que através da nossa esfera de influência possamos, talvez,
provocar alguma transformação. Pelo exemplo (amor) e não pela crítica/castigo
(guerra).
§ Obrigado
a todos aqueles que eu amo e que me amam (cada vez mais e melhor), que
enriqueceram o meu ano e que fizeram de mim uma pessoa mais atenta, mais grata,
mais genuína, mais afectuosa e mais presente, com o vosso exemplo e amor! Muita
Paz, muita Luz, Saúde e Amor. Feliz 2014!
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