"(...) Com que ferramentas trabalha? A
realidade é o próprio paciente, trabalho com aquilo que sente. Na psicanálise
clássica, avançava-se com toda uma teoria que comprovasse os sintomas. Agora,
há um novo paradigma, em que se entende que o processo de psicanálise é um
processo que induz mudança. Este movimento tem origem num grupo de
psicanalistas de Boston, com o qual eu me identifico. Baseia-se na ideia de que
um indivíduo, perante as vivências que teve - não só na infância, mas também na
adolescência -, adquiriu uma determinada personalidade ou um determinado estilo
de relação menos saudável e menos produtivo para si. O processo de análise
consiste em ir interpretando este estilo no sentido de resolver e de
estabelecer uma relação mais saudável, de forma a que possa traduzir o que se
passa no consultório para a sua vida real.
Como é que decorre o processo terapêutico?
É o mesmo de sempre. Decorre a partir da conversa
entre analista e paciente. A forma de conduzir é que é diferente. Em vez de
termos na cabeça uma teoria que aplicamos, procuramos observar o que se passa
com aquele paciente, vamos interpretando e construindo hipóteses em conjunto.
Para mim, a questão fundamental é que uma pessoa seja capaz de se autoanalisar
e que acabe a análise com uma capacidade de reflexão sobre si próprio maior do
que a tinha. (...) "
António Coimbra de Matos (em entrevista ao jornal Expresso, a 3/8/2010)
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